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Ministério do Meio Ambiente impõe lei da mordaça a Ibama e ICMBio

Órgãos subordinados ao Ministério receberam orientação informal nesta semana para não atenderem demandas da imprensa, que devem ser encaminhadas diretamente ao Ministério do Meio Ambiente

Foto do author André Borges
Por André Borges
Atualização:

BRASÍLIA – O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, impôs a lei do silêncio ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ao Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). A orientação dada aos órgãos vinculados à pasta que ele comanda é de que não se manifestem publicamente sem submeter, previamente, todas suas informações ao ministério.

Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente Foto: Adriano Machado/Reuters

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Procurado nesta quarta-feira, 13, para esclarecer um assunto à reportagem, o Ibama enviou a seguinte mensagem: “Por orientação do Ministério do Meio Ambiente (MMA), demandas de imprensa relacionadas à atuação do Ibama devem ser direcionadas à Assessoria de Comunicação do MMA”.

Até esta terça, o Ibama vinha atendendo normalmente às solicitações. Nesta quarta, foi publicada a exoneração do chefe de comunicação do Ibama. As áreas de comunicação dos dois órgãos, conforme apurou o Estado, estão esvaziadas. No MMA, Ricardo Salles nomeou o militar Pallemberg Pinto de Aquino para centralizar todas as demandas.

No caso do ICMBio, os pedidos do MMA chegaram a incluir a interrupção de publicações feitas pelo órgão no Twitter. A página do ICMBio ainda está ativa na rede social. Com 13.900 seguidores, o órgão tinha o hábito de publicar informações quase diariamente, somando 5.508 mensagens. A última publicação do ICMBio foi feita há quase um mês, no dia 15 de fevereiro. Todos os textos produzidos pelo Instituto passaram a ser enviados antecipadamente ao MMA para que sejam publicados.

Assim como o presidente Jair Bolsonaro, o ministro Ricardo Salles tem utilizado as redes sociais para divulgar informações. Nesta terça, publicou fotos de sua visita à Estação Antártica Comandante Ferraz. As orientações dadas informalmente aos dois órgãos causaram indignação entre os servidores do Ibama e do ICMBio. Ricardo Salles já anunciou que pretende unir os dois órgãos em apenas uma instituição.

Por meio de mensagens, a reportagem questionou o ministro sobre a censura imposta ao Ibama e ao ICMBio. Salles não se manifestou até a publicação deste texto. O MMA também foi procurado pela reportagem, mas não retornou ao pedido de esclarecimento.

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