Filme de Gentili: Ministério da Justiça eleva censura para 18 anos

Despacho cita 'tendências de indicação como coação sexual, estupro, ato de pedofilia e situação sexual complexa' como justificativas para a alteração

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Por Redação
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O Ministério da Justiça mudou a classificação indicativa do filme "Como se tornar o pior aluno da escola", de 2017, de 14 anos para 18 anos. O despacho assinado pelo secretário José Vicente Santini,publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira, 16, cita "tendências de indicação como coação sexual, estupro, ato de pedofilia e situação sexual complexa" como justificativa para a alteração.

O texto também recomenda que o filme seja exibido após as 23h em televisão aberta. A nova classificação etária, com os devidos descritores de conteúdo, deve ser utilizada em qualquer plataforma ou canal de exibição de conteúdo classificável em até cinco dias corridos.

Filme de Danilo Gentili foi criticado por cena em que personagem assedia adolescentes. Foto: Reprodução/Divulgação

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A decisão vem um dia depois de outro despacho do Ministério da Justiça - pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor - censurar a exibição da comédia em plataformas de streaming após a produção ficcional ser atacada por bolsonaristas nas redes sociais por conta de uma cena em que crianças sofrem assédio sexual de um personagem adulto.

Para a censura, o órgão do ministério argumentou que a suspensão busca "a necessária proteção à criança e ao adolescente" e prevê multa de R$ 50 mil por dia em caso de descumprimento. A decisão cita a Netflix, Globoplay, YouTube, Amazon Prime Video e Apple TV. Em 2017, a pasta havia liberado o filme com a classificação indicativa de não recomendado para menores de 14 anos.

Ao Estadão, o apresentador e humorista Danilo Gentili disse que considera estar sofrendo censura por parte do governo Bolsonaro. Gentili é autor do livro homônimo que deu origem ao filme, lançado em 2017, e ajudou a escrever o roteiro da produção audiovisual, que chegou recentemente aos serviços de streaming. Segundo ele, a determinação do ministério “soa como oportunismo, censura e perseguição”. O humorista afirmou que o movimento nas redes contra a obra, impulsionado por políticos bolsonaristas, serve para “destratar desafetos que possuem opiniões independentes, fazer cortina de fumaça contra problemas reais e engajar a rede deles” em ano eleitoral. 

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