O presidenciável José Serra (PSDB) considerou gravíssima a denúncia publicada neste sábado, 11, envolvendo a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, seu filho Israel e mais dois servidores da pasta. "O Brasil tem que mudar e a época da eleição é o momento para promover estas mudanças. Não é possível que alguns candidatos e alguns partidos achem natural esse processo de corrupção em nosso País. Não é natural, não. Nós podemos mudar isso. Podemos mudar com eleição", disse Serra.
Veja também:
Erenice Guerra é suspeita de cobrar propina em contrato do governo federalCompadre de Lula ''nomeia'' nos CorreiosNegócios da MTA cresceram a partir de ligação com Roberto TeixeiraSócio nega indicação para 'qualquer cargo público'Correios podem romper contrato suspeito, diz ministro'Quem pôs que tira', diz Lula sobre indicação nos Correios
Durante visita a Goiânia, onde participou de comício seguido de carreata na capital e em duas cidades do interior (Piracanjuba e Morrinhos), ele criticou duramente a Casa Civil do governo Lula: "A Casa Civil tem sido um foco de problemas para o Brasil. Eu lembro que no caso do mensalão, na época do José Dirceu, foi o centro do escândalo. Depois esteve a Dilma, que deixou seu braço direito, uma pessoa muito próxima, e hoje de novo, o centro da maracutaia é a Casa Civil".
Serra prosseguiu em suas críticas: "Essas denúncias devem ser apuradas e tem que haver punição para os responsáveis. E não diversionismo e ocultamento", e aconselhou que "para se terminar com estes escândalos que fazem pouco do povo brasileiro, só mesmo a eleição".
"Eu me apresento como candidato conhecido, que tem história. São 27 anos que ocupo cargos públicos no Brasil", disse Serra elencando sua trajetória política e afirmando que sua vida "é um livro aberto. Livro aberto mesmo. Vocês têm na outra candidatura um envelope fechado", como ironia sobre o caso dos correios.
Coro
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse que o partido vai pedir à Procuradoria-Geral da República que investigue os favorecidos pelo esquema de cobrança de propina nos contratos do governo. "Não vamos nos calar, não vamos nos omitir, não temos medo de retaliação e vamos à Justiça onde quer que seja possível", afirmou Guerra.
Em coro com Guerra, o senador tucano Álvaro Dias (PR) postou no microblog Twitter: "Esse escândalo é tão estarrecedor quanto o do Mensalão. Na cozinha da candidata à Presidência", disse. "Está mais do que contaminada a candidatura de Dilma depois das denúncias de hoje. Erenice é alma gêmea de Dilma. Sua parceira e sucessora", completou.
O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) aponta como "pior" aspecto da acusação o fato de o balcão de negócios estar montado na Casa Civil e não em outros órgãos públicos, como tem ocorrido no governo Lula. "Não é nem nos ministérios, tudo parece ser acertado dentro do Palácio do Planalto", constata, lembrando não ser esta a primeira vez que Erenice Guerra está envolvida em operações suspeitas. "Ela também estava no lance dos cartões corporativos, cujos valores o governo não conseguiu explicar", destaca. "Faço votos que não seja esta mais uma denúncia para o presidente Lula ridicularizar, como tem feito com tudo de comprometedor que ocorre em seu governo", disse o senador.
Para o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), ao contrário do que tem ocorrido até agora, a Polícia Federal e a Justiça Eleitoral deveriam adotar as providências necessárias para apurar e punir o que entende ser "mais um fato gravíssimo contra a candidata do PT". Para o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o fato de o filho de Erenice, Israel Guerra, ter dito aos empresários parceiros na fraude que o dinheiro da propina seria usado em parte para "saldar compromissos políticos" compromete a campanha de Dilma e deve ser investigado. "É evidente que se trata de abuso de poder econômico e, se for devidamente comprovado, leva à impugnação da candidatura da Dilma", afirmou. Para ele, a denúncia se encaixa à perplexidade provocada pelas "campanhas vistosas do PT, cujas declarações de gastos ficam muito abaixo do real". Situação que, alega, deixa claro que o partido está "abusando" do caixa dois, por não ter como justificar a origem do dinheiro aplicado para eleger candidatos aliados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
COM INFORMAÇÕES DE ROSA COSTA