'Minha condenação é um ato de perseguição política', diz José Genoino

Para o petista, sentença da Justiça Federal foi emitida agora 'para se misturar à Ação Penal 470'

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Por Redação
Atualização:

Prestes a ser julgado por formação de quadrilha no processo do mensalão, que tramita no Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente do PT José Genoino classificou nesta quarta-feira, 17, a sentença da Justiça Federal de Minas, que na terça-feira o condenou a quatro anos de prisão por falsidade ideológica, como "um ato de perseguição política". Para Genoino, já condenado por corrupção ativa no STF, há "coincidências estranhas" envolvendo o seu nome.

 

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A nova decisão judicial é resultado do desmembramento do processo do mensalão, que está em julgamento no Supremo. Além de Genoino, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e ex-dirigentes do BMG foram condenados pela juíza Camila Velano, da 4.ª Vara da Justiça Federal. Nessa ação, que correu em Minas, os empréstimos concedidos pelo BMG ao PT e às empresas de Marcos Valério, tido como operador do mensalão, também foram considerados fictícios.

 

"Se o PT tinha patrimônio e depois pagou a dívida em cinco anos, como isso é falsidade ideológica?", perguntou Genoino. "Quando deixei de ser presidente do PT, em 2005, sofri execução judicial e, como não tinha bens, minha conta chegou a ser bloqueada. Só foi desbloqueada depois que a direção do PT negociou com o BMG e acertou o pagamento do empréstimo em cinco anos, de 2007 a 2011."

 

Para a juíza, porém, houve uso de "contratos falsos" e "práticas fraudulentas" na relação entre o PT e o BMG. Ela determinou que a sentença seja enviada ao relator do processo do mensalão no STF, Joaquim Barbosa. Ministros do Supremo também viram montagem de operações fictícias para dissimular o repasse de dinheiro a parlamentares, no governo Lula.

 

"Eu entendo que a sentença de Minas só saiu agora para se misturar à Ação Penal 470", disse Genoino ao Estado, numa referência ao processo do mensalão. "Se não fosse assim, qual o objetivo de soltar essa decisão monocrática durante o julgamento do Supremo? Isso é um ato de perseguição política."

 

Genoino afirmou que a ação movida contra ele pelo Ministério Público foi acatada pela Justiça, em Minas, na noite de 17 de dezembro de 2006, véspera de sua diplomação como deputado. Com o novo mandato, ele recorreu ao Supremo, mas não conseguiu derrubar a ação. O processo tramitou no STF até 2010, porque o petista tinha foro privilegiado. Em 2011, como ele não se reelegeu, o caso foi remetido à primeira instância.

 

"Estava lá há um ano e meio, esperando uma decisão", insistiu Genoino, que entregou o cargo de assessor especial do Ministério da Defesa, na semana passada, após ser condenado pelo Supremo.

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