Minc e Stephanes trocam farpas em evento na Embrapa

Por LEONARDO GOY E CÉLIA FROUFE
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O clima esquentou durante o lançamento do Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar (ZAE Cana), hoje, em Brasília. E não apenas por causa do sufocante calor no galpão da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), onde foi realizado a cerimônia - até governadores do Nordeste reclamaram da alta temperatura -, mas também pela troca de farpas entre os ministros Carlos Minc (Meio Ambiente) e Reinhold Stephanes (Agricultura).Os dois ministros, que já guerrearam muitas vezes nos bastidores e já foram chamados à atenção pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para não se desentenderem publicamente, deram juntos entrevista coletiva após o lançamento do programa que fixa regras para o plantio da cana.Logo no início da entrevista, ao responder a uma pergunta sobre sua expectativa em relação à data de aprovação do projeto de lei do Zoneamento pelo Congresso, Stephanes, que é deputado federal licenciado, cutucou Minc, que é deputado estadual pelo Rio de Janeiro. "Minc é estadual e não pode responder sobre isso", alfinetou Stephanes, mas acrescentou que, mesmo para ele, deputado federal, seria difícil fazer previsões sobre a tramitação do projeto.Pouco depois, quando tomou a palavra, Minc rebateu Stephanes: "Não sou deputado federal, mas tenho estado muito lá (no Congresso). Nos últimos meses, estive lá 43 vezes", disse. Depois de arrancar risos dos jornalistas presentes, Minc acrescentou: "A gente critica naquilo que couber."O clima de provocação continuou. Quando um repórter perguntou aos dois ministros como seriam aplicadas as punições aos produtores que plantarem cana-de-açúcar em áreas proibidas, Stephanes se esquivou: "Ah, isso é com ele (Minc). Punir não é comigo." Minc corrigiu: "A não ser que haja infração de questões fitossanitárias." Ele se referia ao fato de que, nesses casos, a punição cabe ao Ministério da Agricultura.Durante a entrevista, os dois ministros mal se olharam. Stephanes teve de deixar a coletiva antes de Minc, por causa de um compromisso em Foz de Iguaçu (PR) com representantes do setor de algodão. Enquanto o colega se preparava para deixar a mesa, Minc disse: "Vai ter que sair, né? Saudações."

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