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Minc e ruralistas trocam ofensas

Ministro chama grandes produtores de ''vigaristas'' e é acusado por Caiado de ligação com o tráfico do Rio

Por João Domingos
Atualização:

Os desentendimentos entre ruralistas e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, antes restritos às questões ambientais, descambaram ontem para agressões e ofensas entre as duas partes. Num ato de agricultores familiares em frente ao órgão que dirige, Minc defendeu tratamento diferenciado para eles no Código Florestal. E sugeriu que ficassem longe dos ruralistas, porque estes, segundo ele, não são confiáveis. Os ruralistas reagiram imediatamente. Com um boné da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), uma das entidades que organizaram o Grito da Terra e promoveram manifestações, em Brasília, Minc afirmou que a boa aliança é com o meio ambiente e não com os ruralistas. E atacou os representantes do agronegócio. "Os ruralistas encolheram o rabinho de capeta e agora fingem defender a agricultura familiar. É conversa para boi dormir. Não se deixem enganar. São vigaristas. Não é a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária) que fala em nome da agricultura familiar, é a Contag e outros movimentos sociais", disse Minc. Em seguida, o líder do DEM na Câmara e um dos defensores da bandeira dos ruralistas, Ronaldo Caiado (GO), foi à tribuna rebater Minc. "Esse ministro não tem moral para criticar os ruralistas. Ele tem ligação com o tráfico da Rocinha e do Morro do Borel, tanto para se manter financeiramente quanto para o consumo", atacou Caiado. Minc não quis responder a Caiado. Por intermédio do líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS), mandou um pedido de desculpas aos ruralistas. Disse que não havia pensado em agredi-los e que deseja manter o diálogo. Por fim, afirmou que publicamente queria retirar todas as expressões que pudessem ser consideradas agressivas. Caiado, ao contrário de Minc, não retirou nada do que disse. Na defesa que fez da agricultura familiar, Minc disse que ela tem de ser tratada de outra forma. "Não é correto tratar o agricultor familiar, que tem 50 hectares e trabalha com a família, da mesma forma que aquele que tem 100 mil hectares e às vezes emprega boias-frias e até trabalhadores em situação análoga à da escravidão", disse Minc, de cima de um trio elétrico.

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