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Militares são indicados para agência de proteção de dados

Senado promove nesta segunda megassabatina para diretorias de agências reguladoras, como a ANPD

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Foto do author Amanda Pupo
Por Amanda Pupo (Broadcast) e Anne Warth
Atualização:

BRASÍLIA - Três dos cinco nomes indicados na semana passada pelo governo para compor a diretoria da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) são egressos das Forças Armadas. A presença majoritária de militares no órgão recém-criado para fiscalizar o cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dado (LGPD) chamou a atenção do setor. Segundo levantamento feito pela Associação Data Privacy Brasil de Pesquisa, apenas China e Rússia têm militares na composição de tais órgãos.

“O fato de o Brasil ter indicado três militares de uma só vez também representa um movimento inédito, em comparação aos 20 países economicamente avançados do mundo”, afirmam os pesquisadores. 

Medidas impopulares da PEC do pacto federativo terão um caminho difícil no Senado. Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Em vigor desde setembro, a nova lei regulamenta o tratamento de dados pessoais de clientes e usuários por parte de empresas públicas e privadas. Pela legislação, a ANPD é responsável “por zelar, implementar e fiscalizar o cumprimento” do novo marco do setor. 

Indicado para um mandato de seis anos, o diretor-presidente do órgão será Waldemar Gonçalves Ortunho Júnior. Coronel reformado do Exército, ele é presidente da Telebrás desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro, de quem é amigo. Joacil Basilio Rael, também militar reformado e assessor da presidência da Telebrás, foi indicado para o mandato de quatro anos. Ele é professor e especialista em segurança de dados, política de segurança, criptografia e compactação de dados. 

Para o mandato de cinco anos, foi indicado o tenente-coronel Arthur Pereira Sabbat, hoje diretor do Departamento de Segurança da Informação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). É especialista em segurança e estratégia cibernética e de infraestruturas críticas. Foi um dos responsáveis pela elaboração da Instrução Normativa 4, que estabeleceu requisitos mínimos de segurança para o 5G.

Megassabatina

Os indicados para diretoria de agências reguladoras serão sabatinados hoje no Senado. São ao todo 16 nomes, para órgãos como Anatel, ANP, Anac, Aneel e Antaq.

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O Estadão/Broadcast apurou que a megassabatina será pró-forma, já que articulação política do governo atuou pela aprovação dos nomes junto aos senadores. É mais um movimento que mostra a mudança de postura da gestão Bolsonaro, que abandonou a beligerância com o Legislativo em busca de apoio político para a reeleição.

Com o armistício no Senado, nomes que aguardam pela sabatina há meses finalmente poderão assumir os cargos aos quais foram indicados. É o caso de Carlos Baigorri, servidor e superintendente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), indicado para o cargo de conselheiro do órgão regulador há um ano – a mensagem de Bolsonaro ao Senado com o nome de Baigorri foi enviada em outubro de 2019.

Na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o contra-almirante da reserva Rodolfo Henrique de Saboia aguarda sua sabatina desde março. Ele será o novo diretor-geral da ANP. A diretora do Departamento de Gás Natural do Ministério de Minas e Energia (MME), Symone Araújo, por sua vez, foi indicada em abril.

Também aguarda sabatina desde março o secretário adjunto de Planejamento e Desenvolvimento do MME, Hélvio Guerra, indicado para a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

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Outros nomes, no entanto, vão ter uma espera curta. É o caso do futuro diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Eduardo Nery Machado Filho, servidor do Tribunal de Contas da União (TCU) e chefe de gabinete do ministro Vital do Rêgo, e de Flávia Morais Lopes Takafashi, servidora da União indicada para o cargo de diretora da mesma agência. Seus nomes foram enviados nesta semana.

Já na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o processo de indicações teve idas e vindas, o que deixa claro o peso das articulações políticas em órgãos reguladores. Em outubro do ano passado, o governo havia indicado para a diretoria o secretário de Transportes do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Thiago Costa Caldeira, oentão diretor do Departamento Internacional do Ministério da Infraestrutura, Gustavo Afonso Sabóia Vieira, e o superintendente da agência Ricardo Bisinotto Catanant. Todos os nomes foram retirados na mesma semana.

Nos últimos dias, foram indicados três nomes que já atuam no órgão – Catanant voltou a ser indicado, mas Vieira e Caldeira foram substituídos por Juliano Alcântara Noman, que já é diretor e atua como presidente substituto, e Tiago Sousa Pereira, hoje diretor substituto. O novo nome é o de Rogério Benevides Carvalho, coronel da reserva da Aeronáutica, com passagens anteriores na agência. Ele é hoje consultor especializado da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) e também será sabatinado.

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