Militares encerram os debates sobre a Lei da Anistia

Apesar da expectativa, presidente não falou sobre a polêmica; Lula participou de solenidade no Planalto

Por Tania Monteiro
Atualização:

Ao sair da cerimônia de apresentação dos oficiais-generais promovidos, no Palácio do Planalto, os comandantes do Exército, general Enzo Peri, e da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto, deram por encerradas as polêmicas declarações do ministro da Justiça, Tarso Genro, de que os agentes que participaram de torturas durante a ditadura militar deveriam ser punidos. Segundo eles, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou com o debate, depois das afirmações feitas ontem pelo ministro Genro, em nome do presidente. "O assunto está encerrado", disseram os dois militares, ressaltando que esta foi a determinação do presidente Lula. "Estamos exatamente seguindo o caminho orientado pelo presidente da República que declarou ontem que não é um assunto para ser tratado pelo Executivo. Essa é a posição do presidente da República e qualquer coisa que se diga será recorrente", emendou o comandante da Marinha, almirante Moura Neto.   Veja também: Tentativa de punir torturador chegará ao STF Leia íntegra da Lei de Anistia Entenda o processo que resultou na Lei da Anistia Havia a expectativa de que o presidente desse alguma declaração a respeito,  após a cerimônia com os militares. Mas depois da reunião do presidente com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, um pouco antes da cerimônia, já era consenso entre os militares de que o recado dado pelo próprio ministro Tarso Genro significava o fim da polêmica. Ficou acertado que nenhum pronunciamento seria feito pelo presidente, que só Jobim discursaria e que os comandantes dariam por encerrada a discussão. No discurso, Jobim preferiu falar da agenda de interesse das Forças Armadas: reequipamento, nacionalização da indústria bélica e melhoria da infra-estrutura na Amazônia. Mas aproveitou para mandar um recado a todos os oficiais-generais, sugerindo que eles evitem manifestações e assumir papel de liderança em suas respectivas Forças. Para o ministro, os oficiais-generais, "não têm necessidade individualmente de produzir biografias". E acrescentou: "Não há nenhum oficial-general, neste momento, que pretenda ser ele o grande chefe". Ele se referia ao comandante Militar do Leste, general Luiz Cesário, que apesar de ser da ativa, compareceu ao seminário no Clube Militar, no Rio de Janeiro, embora sem farda, em protesto contra a tentativa de Tarso Genro de reabrir a discussão sobre a lei de anistia. O ministro insistiu que está inserindo o assunto "defesa" na agenda nacional e disse que não há motivos para se temer alguma ameaça à Amazônia porque "nossos soldados estão prontos para defendê-la", apesar das "deficiências logísticas".

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