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Milhares rezam nos 70 anos da morte do padre Cícero

Por Agencia Estado
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Eles vêm de todo lugar, e de todas as maneiras: a pé, a cavalo, em ônibus de excursão, de motocicleta, bicicleta, burro e jegue. Cerca de 25 mil pessoas, segundo estimativa da prefeitura local, vieram a Juazeiro do Norte para as celebrações dos 70 anos da morte de um dos maiores mitos religiosos do Nordeste brasileiro, o padre Cícero Romão Batista (1844-1934), o Padim Ciço, na manhã desta terça-feira. A data mobiliza também um grande contingente de intelectuais do País e estrangeiros, como o norte-americano Ralph della Cava, que escreveu, nos anos 70, o primeiro grande estudo sobre a devoção a Padre Cícero, o livro Milagre em Joazeiro. Até hoje controversa, a figura mítica do Padre Cícero (um aliado das oligarquias nordestinas, para alguns; um ideólogo das políticas sociais, para outros; santo, para os romeiros) ainda desperta debates acalorados. O bispo Fernando Pânico, da Diocese do Crato, é hoje um dos seus ardorosos defensores (dizem que se tornou adepto depois de ter uma graça pessoal) e fez um emocionado discurso na primeira missa da manhã. O bispo elogiou a iniciativa da realização do simpósio intelectual, que parte da pergunta ?Padre Cícero: E quem é ele??, mas questionou a racionalização do mito. "Os estudiosos, pessoas letradas, ainda não chegaram a uma conclusão. Nem a própria Igreja chegou a uma conclusão", afirmou. "Padre Cícero é meu irmão, é minha mãe, é minha irmã, porque ele escutou a palavra de Deus." Os santos deixam rastros Segundo o bispo, "os santos deixam rastros, deixam marcas, já que eles, por sua vez, seguiram as pegadas de Jesus". Para Pânico, o aumento da romaria é um sinal de que, em Juazeiro, encontra-se "o dedo de Deus" e conclamou os estudiosos e teólogos presentes a admitirem que em Juazeiro está presente o dedo de Deus. O simpósio internacional sobre Padre Cícero prossegue até quinta-feira na cidade de Juazeiro, reunindo intelectuais das Universidades de Berkeley (Estados Unidos) e Strasbourg (França), e produtores e artistas, como o cineasta Rosemberg Cariri.

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