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Metalúrgicos da CUT invadem GM em Gravataí

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Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de mil metalúrgicos e sindicalistas da CUT, com a ajuda de integrantes do MST, invadiram nesta quarta-feira o complexo automotivo da General Motors, em Gravataí, no Rio Grande do Sul. Eles permaneceram por mais de oito horas no pátio da empresa, impedindo o acesso dos operários e paralisando a produção de automóveis Celta. A desocupação ocorreu depois da promessa do diretor-adjunto de assuntos institucionais da GM, Luiz Moan, de receber os sindicalistas da CUT à noite para uma negociação. Eles reivindicam a suspensão do acordo coletivo firmado entre a direção da GM e um sindicato criado pela Força Sindical há um ano e meio, devido a uma liminar que suspendeu os efeitos do registro da entidade no Ministério do Trabalho. As duas centrais sindicais travam uma luta na Justiça pela representação dos metalúrgicos de Gravataí. Os trabalhadores do município sempre fizeram parte da base do sindicato da Região Metropolitana de Porto Alegre, mas com a implantação da GM surgiu uma nova entidade, o sindicato de Gravataí. De acordo com o presidente estadual da CUT, Quintino Severo, trata-se de uma "entidade fantasma, forjada a portas fechadas, com o apoio da GM e da Fiergs", a federação das indústrias do Estado. Em janeiro do ano passado, o Estado reproduziu o conteúdo de um fax datado de 3 de agosto de 1999, no qual o gerente de relações governamentais e públicas da GM no Rio Grande do Sul, Marco Antonio Kraemer, informava Moan sobre o processo de registro do sindicato da Força Sindical e pedia "apoio" para o presidente da entidade, Valcir Ascari. "Não reconhecemos a autenticidade dessa correspondência, o problema da representação sindical não nos diz respeito", afirmou Kraemer. O sindicato da Força obteve ainda em 1999 o registro no Ministério do Trabalho e fechou um acordo com a GM, instituindo um banco de horas na categoria - mecanismo combatido pela CUT. "Com esse acordo, os trabalhadores perdem o direito de adicional de 50% sobre as horas extras e seus reflexos sobre férias e 13º salário", afirma o presidente do sindicato da CUT, Claudir Nespolo. Em março deste ano, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região concedeu uma liminar que restabeleceria o direito - pelo menos provisoriamente - do sindicato da CUT de representar a base de Gravataí, mas em meio a isso um novo grupo entrou na disputa. Sindicalistas ligados à Democracia Socialista - corrente petista da senadora alagoana Heloísa Helena e do vice-governador gaúcho Miguel Rossetto - constituíram um outro sindicato em maio do ano passado, a partir de uma associação dos metalúrgicos de Gravataí, que estava desmobilizada há mais de uma década. A idéia de reativar um sindicato com a mesma base da Força Sindical, mas com precedência sobre ele, foi inicialmente discutida por todos os sindicalistas da CUT, mas um racha acabou dividindo os metalúrgicos da central. "O ritmo e a vontade política de criar o sindicato foram os motivos da ruptura", explica o presidente licenciado da associação, Alex Borba, que é diretor técnico da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS). Apesar de sindicalistas da CUT estarem à frente dessa associação, a central reconhece oficialmente apenas o sindicato de Porto Alegre. Ascari e o tesoureiro do sindicato da Força Sindical, Edson Dornelles, também iniciaram sua militância sindical na CUT e no PT, mas romperam em 1994. Os três grupos disputam o comando de uma base de 2,7 mil trabalhadores da GM e 12 mil em Gravataí - a terceira maior do Estado.

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