Mesa do Senado decide se abre processo contra Roriz

Ex-governador não conseguiu explicar o que fez com R$ 2,2 mi sacados no BRB

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Por Redação
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O senador e ex-governador Joaquim Roriz (PMDB-DF) vai enfrentar nesta quarta-feira, 4, um dia decisivo, porque a Mesa Diretora do Senado vai analisar o pedido de abertura de processo contra ele por quebra de decoro parlamentar, encaminhado pelo PSOL. Na representação, o partido solicita que o ex-governador seja investigado por não conseguir explicar cabalmente o que fez com R$ 2,2 milhões sacados em espécie no Banco de Brasília (BRB) com um cheque do empresário Nenê Constantino, dono da companhia aérea Gol. O parlamentar foi flagrado em escutas telefônicas, em março, conversando com o então presidente do BRB, Tarcísio Franklin, preso na Operação Aquarela, sobre a entrega e a partilha desse dinheiro. Na terça-feira à noite, Roriz e assessores ainda discutiam a possibilidade de ele renunciar ao mandato. O prazo para renúncia termina no momento que o Conselho de Ética abrir o processo - se abrir. O senador resistia à idéia porque ele não poderá concorrer a uma nova eleição convocada pelo TRE-DF, caso a renúncia seja tripla - dele e dos dois suplentes. Recentemente, julgando um caso de Goiás, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou que quem renuncia para fugir de um processo não pode disputar a eleição convocada para complementar o mandato. Portanto, Roriz ficaria inelegível se renunciasse. O Ministério Público do Distrito Federal vai remeter nos próximos dias à Procuradoria-Geral da República o resultado de mais sete escutas legais feitas pela Polícia Civil durante a Operação Aquarela, no Distrito Federal. Escutas Uma das escutas que serão remetidas à procuradoria revela um diálogo entre Deodomiro Alves Silva, funcionário da incorporadora imobiliária Aldebaran, e um dos presos na Aquarela. Na conversa, quatro dias antes do saque, Silva diz: "Se a PF baixar aqui, agora, leva todo mundo. Tô eu, o Gim Argello (ex-deputado distrital e suplente do senador Roriz) e o Nenê." Pela proximidade de datas, há a possibilidade de que o primeiro diálogo também seja relacionado aos R$ 2,2 milhões. A procuradoria dispõe de dossiê com documentos e conversas. Terreno Roriz, Argello e Constantino figuram em um negócio atípico, que rendeu a outro aliado do senador, o ex-deputado Wigberto Tartuce, um lucro de R$ 21,9 milhões. Trata-se da venda de um terreno pertencente a fundos de pensão do governo do Distrito Federal. O terreno foi vendido em maio deste ano, por R$ 37,1 milhões, à Aldebaran Investimentos Imobiliários S.A., ligada a uma grande incorporadora de Brasília, a Antares. Um projeto de lei remetido pelo então governador Roriz à Câmara Distrital, em janeiro do ano passado, permitiu que Tartuce comprasse o terreno por R$ 15,2 milhões e, menos de um ano depois, o revendesse por mais do que o dobro do valor. Segundo o advogado da Aldebaran, Marcelo Bessa, o suplente de Roriz, que é corretor de imóveis, se apresentou à Antares para intermediar o negócio com Tartuce e trabalhou nisso entre abril e maio deste ano. Na outra ponta, junto com a Aldebaran, estava Constantino, interessado em participar como sócio na compra do terreno. Bessa diz que, na fase final da negociação, Constantino se retirou "por razões comerciais". A incorporadora prosseguiu no negócio, mas sem a intermediação de Argello. Constantino também figura como avalista de uma nota promissória de R$ 10 milhões emitida em pagamento a Taruce. Até o momento, não se sabia da participação de Argello.

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