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Mercado de trabalho ainda é desfavorável para a mulher

Com até 4 anos de estudo, mulher recebe, por hora, em média, 80,8% do rendimento do homem

Por Agencia Estado
Atualização:

A Síntese dos Indicadores Sociais divulgada hoje pelo IBGE mostra uma situação ainda desfavorável para as mulheres no mercado de trabalho. Em 2004, as mulheres trabalhadoras com até 4 anos de estudo recebiam, por hora, em média, 80,8% do rendimento dos homens com esse nível de escolaridade, enquanto aquelas com 12 anos ou mais de estudo recebiam 61,6% do rendimento-hora masculino. Dentro de casa, as mulheres trabalhavam 4,4 horas a mais por dia em afazeres domésticos. A Síntese de Indicadores Sociais tem como base os dados da PNAD 2004 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e revela também que "o aumento na escolaridade feminina guarda estreita relação com as reduções nas taxas de fecundidade e de mortalidade infantil". Em 2004, as mulheres com até 3 anos de estudo chegavam a ter, em média, mais que o dobro do número de filhos das mulheres com 8 anos ou mais de estudo. Segundo a pesquisa, a probabilidade de uma mulher com 8 anos ou mais de estudo, com dois filhos, vir a ter o terceiro era de pouco mais de 50%, ao passo que a mesma probabilidade associada a uma mulher com até 3 anos de estudo era de 90%. Mulheres chefiando famílias No Brasil, 29,4% dos 56,1 milhões de famílias eram chefiadas por mulheres em 2004, segundo a pesquisa do IBGE. A maior proporção dessa chefia feminina estava na faixa dos 60 anos ou mais de idade (27,4%). A pesquisa mostra também que as famílias com chefia masculina eram diferentes daquelas chefiadas por mulheres. Quando o chefe era homem, a estrutura familiar mais freqüente era a de casais com todos os filhos menores de 14 anos (33,6%), seguida do tipo casal com todos os filhos de 14 aos ou mais de idade (21,4%). Já no caso da chefia feminina, as estruturas predominantes eram de mães com todos os filhos de 14 anos ou mais de idade (31,4%), outros tipos de família (25,6%) e mães com todos os filhos menores de 14 anos (23,2%). "Ou seja, a chefia feminina ocorria num ambiente doméstico sem a presença do cônjuge ou em composições familiares que podem ser formadas, por exemplo, por duas irmãs morando juntas ou pela própria pessoa morando só, entre outras", dizem os técnicos da pesquisa no documento de divulgação. Em 2004, segundo a pesquisa, 27,0% das mulheres se declararam como pessoas de referência das famílias brasileiras e, dentre essas, 14,8% viviam com o cônjuge, "percentual expressivo, que pode estar revelando um novo padrão de responsabilidade compartilhada". a região Nordeste foi a que apresentou o maior número de famílias chefiadas por mulheres (29,3%), destacando-se o Estado de Pernambuco com (31,6%). Mulheres em cargos de direção Apenas 3,9% das mulheres ocupadas estavam em cargos de direção em 2004, enquanto para os homens a proporção era de 5,5% dos ocupados, segundo a pesquisa do IBGE. A maior proporção de mulheres em cargos de direção estava no Distrito Federal (8,0%), "resultado da elevada participação feminina no serviço público federal, onde o acesso a cargos de direção se dá de forma mais igualitária que no setor privado", segundo destacam os técnicos do instituto no documento de divulgação da pesquisa. O levantamento do IBGE mostra também que a participação feminina em cargos de direção era maior do que os homens nas ocupações relacionadas às ciências e artes (8,6% contra 4,2%), de nível médio (7,8% contra 6,5%), serviços administrativos (11,4% contra 5,8%), serviços (31,3% contra 11,6%) e vendedores (11,6% contra 8,4%). Além disso, as mulheres ocupadas tinham, em 2004, uma média de anos de estudo superior à dos homens ocupados tanto na área urbana (8,6 contra 7,6 anos) como na rural (4,3 frente a 3,8 anos). "A maior escolaridade feminina era em parte reflexo de uma inserção tardia no mercado de trabalho", conclui o estudo. O levantamento mostra inda que, entre as mulheres ocupadas, o trabalho doméstico e não-remunerado (26,2%) superava o emprego formal, com carteira, (25,7%). Desemprego O desemprego em 2004 atingiu particularmente as pessoas com escolaridade entre 9 e 11 anos de estudo (taxa de desemprego de 12,4%) em comparação com aqueles de escolaridade mais baixa de até 4 anos (5,5%), segundo mostram os indicadores sociais divulgados hoje pelo IBGE. A taxa de desemprego masculina naquele ano foi de 6,8%, enquanto que a feminina ficou em 11,7%. De acordo com a pesquisa, a passagem do nível mais baixo de escolaridade (até 4 anos de estudo) para a categoria seguinte (de 5 a 8 anos de estudo) significava um incremento de cerca de 29% no rendimento médio por hora. Já na categoria posterior, que representa o nível médio (9 a 11 anos), o incremento comparado à categoria anterior era de 45% e, por fim, a pessoa que possuía o nível superior (12 anos ou mais de estudo) elevava o seu rendimento em 189% com relação àquela de nível médio. Assim, a população ocupada com até 4 anos de estudo recebia em média R$ 2,40 por hora trabalhada, enquanto que, para as pessoas com 12 anos ou mais de estudo, o valor era quase cinco vezes maior: R$ 13,00. Mas, embora a escolaridade aumentasse o rendimento médio, acentuava também a desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho. As mulheres com até 4 anos de estudo recebiam por hora, em média, 80,8% do rendimento dos homens com esse nível de escolaridade, enquanto que aquelas com 12 anos ou mais de estudo recebiam 61,6% do rendimento-hora dos homens. Expectativa de vida A esperança média de vida ao nascer no Brasil era de 71,7 anos de idade em 2004, ocupando a 82ª posição no ranking de 192 países analisados pela Organização das Nações Unidas (ONU), segundo mostra a pesquisa do IBGE. A vida média ao nascer, entre 1991 e 2004, teve um incremento de 4 anos, com as mulheres em situação bem mais favorável que a dos homens (70,9 para 75,5 anos, no caso das mulheres, e 63,2 para 67,9 anos entre os homens). Além disso, a taxa bruta de mortalidade, que representa a freqüência de óbitos em uma população, caiu de 6,8, em 1991, para 6,3, em 2004. A pesquisa mostra ainda que entre 1991 e 2004, a taxa de mortalidade infantil também manteve sua trajetória de declínio, passando de 45,1 para 26,6. A taxa de mortalidade infantil, nesse patamar, coloca o Brasil na 99ª posição no ranking dos países ou áreas com as mais baixas taxas estimadas pela ONU, atrás de Cuba, Chile, Porto Rico, Costa Rica, Uruguai, Argentina, Venezuela, México, Panamá, Equador, Colômbia, entre outros. Projeções Populacionais As Projeções Populacionais das Nações Unidas para 2005 apontam que o Brasil pertence ao grupo dos 10 países com maior população de pessoas de 60 anos ou mais em termos absolutos. Em 2005, o número de brasileiros maiores de 60 anos era de 17,6 milhões, representando 9,7% da população em 2004. O índice de envelhecimento passou de 0,11 no início da década de 80 para 0,25 em 2004, ou seja, para cada 100 jovens, existiam 25 idosos. "Esse valor mostra que a sociedade brasileira está envelhecendo, mas ainda pode ser considerada jovem", avaliam os analistas do IBGE no documento de divulgação dos indicadores sociais. A população somente é considerada envelhecida quando esse índice de envelhecimento é superior a 1. A proporção de idosos que moravam sozinhos representava, em 2004, 13% das famílias. Entre as mulheres de 70 anos ou mais, 19,6% moravam sozinhas, enquanto entre os homens esse percentual atingia apenas 11,7%. A cobertura previdenciária (aposentados e/ou pensionistas) contemplava 77,4% da população de 60 anos ou mais (13,7 milhões de pessoas). No caso dos idosos de 70 anos e mais, essa proporção era superior a 90%. Casamentos Em 2004, foram realizados 806.968 casamentos no Brasil, 7,7% a mais do que em 2003, segundo mostra pesquisa divulgada pelo IBGE. Esse crescimento vem ocorrendo desde 2001 e "resulta, em parte, de casamentos coletivos, frutos de parcerias entre as prefeituras, cartórios e igrejas, com o objetivo de legalizar as uniões consensuais", segundo os técnicos do instituto. Em 2004, a média de idade na data do primeiro casamento foi, para homens, de 28,1 anos e, para as mulheres, 25,2 anos. Também foi observado, para o conjunto de separações judiciais, que a média de duração dos casamentos no país foi de 11,5 anos. O destaque foi para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com uniões legais mais duradouras, 13 e 12,7 anos respectivamente. Por outro lado, no Amazonas (8,8 anos) e no Acre (9,8 anos), os casamentos duravam menos.

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