Mensagem do papa abre encontro da CNBB

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Por Agencia Estado
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Às sete horas da manhã desta quarta-feira, no tranqüilo mosteiro da Vila Kotska, na zona rural de Indaiatuba, no interior de São Paulo, um coro de vozes masculinas começou a entoar salmos bíblicos. Era formado por bispos de todo o Brasil, reunidos na capela do mosteiro para a missa de abertura da 40ª assembléia-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que comemora 50 anos de criação. Entre eles, presidindo a celebração, encontrava-se o enviado do papa João Paulo II, cardeal Giovanni Battista Re, que atua na Cúria Romana como prefeito da Congregação para os Bispos. Logo depois da missa, o enviado de Roma reuniu-se com os bispos para apresentar-lhes uma mensagem enviada pelo papa, especialmente para a comemoração do cinqüentenário. O pontífice elogiou o pioneirismo da CNBB, criada em 1952, antes de o Concílio Vaticano II começar, na década de 60, a estimular em todo o mundo esse tipo de organização. "A CNBB pode considerar-se precursora no tempo e no espaço de muitas iniciativas - certamente não exclusivas - de forte impacto no conjunto da sociedade e em cada uma de suas comunidades?, diz a mensagem. ?Não poderia, por isso, deixar no olvido sua experiência enriquecedora, no que tange não só à própria organização interna, mas à liderança em secundar os anseios dos bispos, para uma mais eficiente evangelização por todo o território nacional." No texto, lido pelo núncio apostólico, d. Alfio Rapisarda, italiano que fala português com sotaque espanhol, o papa também disse que, com a CNBB "a Igreja no Brasil abriu sulcos profundos de continuidade da evangelização, dentro de uma melhor compreensão das exigências do crescimento do Reino de Deus neste mundo". Ainda na mensagem comemorativa, o papa afirmou: "A presença zelosa e vigilante dos bispos na vida nacional, tal como fermento no meio da massa, serviu de estímulo corajoso para ajudar a percorrer o caminho traçado pelo Concílio Vaticano II, mormente no campo da vida eclesial, da justiça social e da unidade entre os cristãos e de todos os nossos irmãos separados." O papa também elogiou os esforços do episcopado brasileiro na pastoral das vocações e na formação do clero. O tom da mensagem era de comemoração, sem nenhuma crítica direta à ação dos bispos brasileiros, sempre envolvidos com questões sociais e políticas. Nas entrelinhas, porém, o papa ressaltou a necessidade do episcopado manter uma contínua sintonia com Roma, evitando atitudes independentes. Ao mesmo tempo destacou o "afeto colegial" das assembléias - o que desagrada a algumas alas da CNBB, que gostariam de que suas decisões fossem acatadas de forma mais efetiva pelos bispos e ouvidas com mais atenção pela Cúria Romana. O presidente da CNBB, d. Jayme Chemello, disse ter ficado contente com a mensagem e o seu teor.

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