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Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|‘Meninos’ de Ciro Nogueira, do PP, e de Valdemar Costa Neto, do PL, no governo

Chefe da Civil e presidente do partido de Bolsonaro mantêm nos seus gabinetes uma incubadora de aliados que ocupam cargos no Executivo onde rola muito dinheiro

Foto do author Eliane Cantanhêde
Atualização:

Pelo visto, o senador e atual chefe da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro, Ciro Nogueira, mantém nos seus gabinetes, desde o Senado, uma incubadora de meninos e meninas que vêm a ocupar cargos no Executivo onde rola muito dinheiro. Eles passam um tempo lá, atravessam a Praça dos Três Poderes e vão progredindo na vida, executando no governo tudo o que aprenderam no Congresso. O problema é a imprensa.

Como o Estadão revelou, um dos que passaram pela incubadora de Ciro Nogueira foi Alexandre Cordeiro, que foi parar no Cade e, com a ascensão do chefe e padrinho à Casa Civil, “alma do governo”, ascendeu junto para a presidência do conselho.

Os meninos e meninas passam um tempo lá, atravessam a Praça dos Três Poderes e vão progredindo na vida, executando no governo tudo o que aprenderam no Congresso. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

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O Cade aprova, ou não, processos bilionários sobre cartéis e fusões de empresas. E quem é Cordeiro? Em áudio gravado, Ciro Nogueira explica a Joesley Batista (lembram?): “Meu menino. Era meu chefe de gabinete. Eu botei ele lá (no Cade)”. Na verdade, Cordeiro não era chefe de gabinete, mas alto funcionário da Terceira Secretaria do Senado, quando Ciro Nogueira era o secretário.

A irmã de Cordeiro, Sabá Cordeiro Filha, é que é chefe de gabinete do ministro na Casa Civil, com assento no Conselho Fiscal do Banco do Brasil, apesar de ser advogada, dizer que atua em marketing e não ter nada a ver com finanças.

E há mais “meninos”, muitos mais. Postos por Bolsonaro no MEC e flagrados achacando prefeitos, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura não tinham vínculo com a pasta e a administração pública. Já os indicados pelo Centrão foram nomeados, têm cargo e gabinete.

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Um deles é Marcelo Ponte, presidente do bilionário Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Ex-chefe de gabinete de Nogueira no Senado, cuida de financiamentos vultosos para escolas públicas, por exemplo, para alimentação, transporte, livros didáticos, materiais e equipamentos.

Foi o FNDE que bancou uma licitação para compra de ônibus escolares desaconselhada pela área técnica e afinal suspensa de véspera, depois de reportagem do Estadão. Quatro dias antes, Ciro Nogueira recebeu o “menino” na Casa Civil. Para quê? Vá se saber...

Um outro “menino” vem de uma incubadora vizinha: o PL de Valdemar Costa Neto e agora de Bolsonaro. Braço direito de Costa Neto na Câmara, Garigham Amarante, do PL, virou braço direito de Marcelo Ponte, do PP, no FNDE. Oficialmente, diretor de Ações Educacionais.

Na segunda-feira, o presidente disse não ao Centrão e confirmou o interino, Victor Godoy, como novo ministro da Educação – o quinto –, para esquentar a cadeira e tentar esfriar as denúncias, que não param. Em ano eleitoral, é uma chateação...

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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