BRASÍLIA - O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse nesta terça-feira, 27, que “são grandes as chances” de seu colega da Fazenda, Henrique Meirelles, hoje no PSD, concorrer à Presidência da República pelo MDB. Na semana passada, ele já afirmara ser "óbvio" que o partido trabalha com a hipótese.
“Meirelles pode vir a ser nosso candidato, sim. Penso que esse pode ser o caminho, mas não temos como garantir com certeza isso a ele, porque tudo depende da conjuntura política”, afirmou Marun, que integra a direção do MDB, em entrevista ao Estado.
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Articulador político do Palácio do Planalto, o ministro ponderou que o governo ainda tenta construir um bloco com aliados para disputar a sucessão do presidente Michel Temer, em outubro.
“Então, a partir do momento em que queremos a união dos partidos, para seguir juntos nas eleições, é óbvio que temos de dialogar sem imposições”, disse Marun. “Nesse sentido, não podemos chegar e dizer que o candidato será do MDB, mas queremos que esse nome defenda o governo na campanha.”
A saída de Meirelles do PSD - sigla chefiada pelo ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab - é dada como certa no Planalto e no Congresso. Kassab negocia para ele a vaga de vice na provável chapa a ser liderada pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), ao governo paulista. Em troca, o PSD apoiaria a candidatura do governador tucano Geraldo Alckmin ao Planalto, “rifando” Meirelles.
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É por isso que o ministro pretende se filiar ao MDB. Para ser candidato, Meirelles precisa deixar o cargo até 7 de abril, mesmo prazo estabelecido pela Lei Eleitoral para a mudança de partido.
Em entrevista ao Estado, publicada no domingo, o titular da Fazenda afirmou que ele e Temer vão “chegar a um acordo”. O ministro tem mantido conversas com o presidente e com o senador Romero Jucá (RR), que comanda o MDB.
Questionado nesta terça-feira, 27, se Temer não concorrerá a novo mandato - uma vez que, no Planalto, há uma estratégia desenhada para pôr esse plano de pé -, Marun reiterou que o presidente não está disposto a entrar no páreo. “Não existe essa possibilidade por falta de vontade dele próprio”, comentou o chefe da Secretaria de Governo.
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Nos bastidores, auxiliares de Temer avaliam que Meirelles precisa chegar, no mínimo, a um patamar de 8% nas pesquisas de intenção de voto, até o fim de março ou início de abril, para ser candidato. Atualmente, ele não ultrapassa 2% nesses levantamentos. Para o titular da Fazenda, porém, o mais importante agora é medir o seu potencial de crescimento, tentando “traduzir” o impacto da melhoria de indicadores econômicos na vida real, já que esses efeitos ainda não são sentidos pela maioria da população.
No diagnóstico do Planalto, Alckmin é o único candidato de centro que hoje está em campanha para valer. Em conversas reservadas, interlocutores de Temer observam que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), entrou nesse jogo apenas para ganhar mais protagonismo político e mais espaço para o DEM.
A cúpula do governo tenta atrair o DEM, com receio de que o partido ocupe a vice na chapa de Alckmin com um nome do Nordeste. Além disso, a sigla de Maia também pode fazer uma aliança com os tucanos em São Paulo, prejudicando a candidatura do empresário Paulo Skaf (MDB), presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao Palácio dos Bandeirantes. Hoje, o pré-candidato do DEM à cadeira de Alckmin é o deputado Rodrigo Garcia.
O MDB procura fechar um acordo que dê palanque forte em São Paulo, principal colégio eleitoral do País, ao nome a ser apoiado pelo partido à Presidência da República.