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Meirelles não confirma se fica no Banco Central

O presidente da instituição voltou a defender a política monetária e o câmbio livre

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, evitou comentar nesta segunda-feira, mais uma vez, a questão da sua permanência à frente da instituição ou os rumores de que já teria sido confirmado no cargo. Perguntado sobre se permanece no BC, Meirelles limitou-se a responder: "Como banqueiro central uma das coisas que aprendi a fazer é tomar as decisões no momento adequado". Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia dito que não encontrava razões para uma eventual saída de Meirelles da presidência do BC Falando de sua atuação no BC, ele voltou a defender a política monetária implementada pela instituição e criticou a pressão exercida por alguns setores da sociedade para que se promova uma queda "artificial" da taxa de juros. Além disso, defendeu o regime de câmbio flutuante e ressaltou a importância de o governo não tomar qualquer medida que vise valorizar a moeda norte-americana no mercado interno. Para Meirelles, a discussão sobre uma queda maior na Selic, a taxa básica de juros da economia, é legítima, porém, tem que se ter cuidado para que interesses específicos não se sobreponham ao interesse geral da nação, que, de acordo com ele, passa pelo controle rígido da inflação. Hoje, a política monetária é definida dentro do cumprimento de metas de inflação. Meirelles avaliou ainda que a manutenção do debate sobre uma possível queda mais rápida da taxa de juros, por si só, já influencia nas expectativas da inflação, contribuindo, assim, para a manutenção do patamar elevado da Selic. "Quanto mais discutirmos que temos de baixar os juros na raça, mais teremos expectativas negativas com relação à inflação", comentou. Falando para uma platéia de empresários, que fizeram duras cobranças em relação à taxa de juros, Meirelles fez uma analogia entre o governo federal e demais agentes que atuam em prol do crescimento e um time de futebol. Para ele, cada um tem sua função específica e deve ser cobrado por ela. "O que não se pode é criticar o goleiro por não estar marcando gol", comparou. Segundo o presidente do BC, é necessário ter tranqüilidade para não destruir as conquistas alcançadas pelo País, principalmente, as relativas à estabilidade da economia, e não cair na tentação de tomar medidas que induzam crescimento e, posteriormente, levem a uma situação de instabilidade interna. "Precisamos ter cuidado para não buscar soluções que já deram errado no passado do País", afirmou Meirelles, ressaltando que o pensamento econômico brasileiro adotou, em alguns momentos, fantasias como sendo realidade. "Uma das fantasias é de que a gente pode controlar as variáveis básicas da economia", disse, destacando entre essas variáveis a taxa de juros, que, para ele, depende de uma série de fatores. Medidas artificiais para câmbio Meirelles também discorda de "soluções mágicas ou fáceis" para o câmbio. "Para o País, é importante que o câmbio flutue bem, que o mercado funcione bem, e que o governo não tome medidas artificiais ou mágicas para tentar fixar preços", disse. O presidente do BC reconheceu, entretanto, que a taxa de câmbio atual influencia no desempenho das exportações, mas destacou que seu efeito é diverso, e pode ser positivo, por exemplo, para empresas importadoras e que tenham dívidas atreladas à moeda americana. Por conta disso, Meirelles defende uma discussão mais ampla sobre a competitividade das companhias nacionais com menos ênfase na questão do câmbio. "É importante que o Brasil se mantenha competitivo, e é também importante que nos discutamos agora todas as razões que podem levar a uma melhoria da competitividade", finalizou.

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