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Megaacampamento do MST acaba por briga entre lideranças

Por Agencia Estado
Atualização:

O maior acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no Estado de São Paulo, batizado como Jahir Ribeiro, em Presidente Epitácio, com 1.700 famílias, está sendo desmontado. Cerca de 250 famílias já deixaram o local neste fim de semana. O desmonte resulta de um desentendimento entre o líder José Rainha Júnior e o coordenador do acampamento, Edi Ronan Ribeiro, ocorrido na semana passada. "Houve discordância sobre a forma de conduzir o grupo", disse hoje, Wesley Mauch, coordenador regional do MST. Rainha teria brigado com Ribeiro por causa da segunda invasão da fazenda Sul Mineira, no dia 9 deste mês. A ação teria sido planejada sem consulta às lideranças do MST e interrompeu uma trégua que o movimento dera ao governo federal nas invasões. Os barracos dos sem-terra fiéis a Rainha estão sendo transferidos para outra área de Epitácio, na divisa com o município de Caiuá. O novo agrupamento recebeu o nome de acampamento Meire Orlandini. O grupo ligado a Ribeiro deve continuar no mesmo local, mas pode deixar o MST. O megaacampamento foi montado em maio do ano passado por Rainha Júnior. Na ocasião, ele anunciou o plano de criar ali um novo Canudos, inspirado no arraial de rebeldes que o beato Antonio Conselheiro instalou no sertão nordestino, um século antes. A montagem dos barracos foi incentivada pela promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de assentar todas as famílias que estivessem sob a lona. Na mesmo ocasião, o governador Geraldo Alckmin anunciara o assentamento de 1.400 famílias acampadas na região. O acampamento atraiu sem-terra de toda a região e de outros Estados, como Paraná e Mato Grosso do Sul, e chegou a ter perto de 4 mil famílias. Com a demora no assentamento e a prisão de Rainha, que permaneceu seis meses na cadeia, acusado de porte ilegal de arma e formação de quadrilha, grande parte já havia deixado o local. O novo acampamento ocupa uma área do assentamento Lagoinha. Segundo Mauch, o grupo vai lutar pela posse da fazenda Nova Lagoinha, com cinco mil hectares, considerada improdutiva.

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