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Médicos criticam privilégio a diplomas obtidos em Cuba

Por AE
Atualização:

Entidades de representação dos médicos decidiram abrir fogo contra o governo. O motivo é um projeto, já em tramitação no Congresso, com medidas destinadas a facilitar o reconhecimento dos diplomas de medicina obtidos em Cuba por estudantes brasileiros. De acordo com o projeto, universidades públicas brasileiras poderão até enviar professores para Cuba, onde ministrariam disciplinas que são exigidas em escolas brasileiras, mas não existem lá. Isso garantiria a equivalência curricular entre as duas e permitiria o reconhecimento automático dos diplomas. O projeto foi preparado em outubro de 2006 pelos Ministérios de Relações Exteriores de Brasil e Cuba. Em janeiro do ano passado, o presidente Lula o encaminhou ao Congresso, em forma de mensagem. Ele já recebeu a chancela da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e está sendo examinado na Comissão de Educação. Até agora a tramitação tinha ocorrido de forma discreta. O assunto ganhou destaque, porém, com a viagem do presidente a Cuba. Em entrevista à imprensa, um dos integrantes da sua comitiva, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ressaltou que a validação automática dos diplomas dos médicos está próxima de ser obtida. Ontem, a Associação Médica Brasileira emitiu uma nota oficial na qual acusa o governo de propor ?privilégios indevidos a médicos formados em Cuba?, recorrendo a ?subterfúgios?. A idéia de enviar professores brasileiros para Cuba é qualificada como ?incongruência? e ?grande absurdo?. O Conselho Federal de Medicina também combate a proposta. Argumenta que já existem leis regulamentando a questão, que devem ser respeitadas. A Escola Latino-Americana de Medicina (Elam), em Havana, oferece bolsas de estudos para estudantes brasileiros desde 1999. Os candidatos devem ser indicados por partidos políticos, movimentos e organizações sociais. Cerca de 160 jovens já obtiveram o diploma e outros mil deverão se formar até 2010. Entre os que já se formaram, 26 são do Movimento dos Sem-Terra (MST), que mantém outros 75 estudantes em Havana. No conjunto, o PT já enviou 72 pessoas. Neste ano, as organizações indígenas também começaram a despachar jovens índios para lá. Na primeira leva foram 36. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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