Médicos católicos condenam uso de preservativos

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Por Agencia Estado
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No primeiro dia do 3º Congresso Latino-Americano de Médicos Católicos, o clínico chileno Francisco Díaz Herrera criticou a orientação do uso de preservativos como meio principal de prevenção à Aids. "Não está totalmente correto. Pode falhar (o uso de camisinha) e estimula a promiscuidade. A melhor solução é educar, em valores éticos, a fidelidade no matrimônio e a castidade até chegar a ele", defendeu Días Herrera, presidente da Federação das Associações Médicas Católicas Latino Americanas. O médico disse que há por parte dos católicos grande "solidariedade e respeito" com os portadores do HIV, mas reprovou a atitude de meios de comunicação, autoridades e profissionais de saúde de apontar o uso dos preservativos como melhor maneira de evitar o vírus. Entre todos os congressistas, predominaram as críticas ao aborto em qualquer circunstância, à manipulação de embriões em pesquisas científicas e à engenharia genética como meio para "fabricar" bebês idealizados pelos pais. Díaz Herrera considerou "ataques frontais contra a família" as legalizações do aborto, do divórcio, da difusão de métodos anticoncepcionais entre os jovens e da esterilização em hospitais públicos. Outros médicos e pesquisadores católicos condenaram o "relativismo ético". "Para o relativista, a única verdade é o interesse individual de cada um. Bem e mal não existem", continuou Días Herrera, que também explicitou as restrições à fecundação in vitro: "A procriação deve ser fruto do amor conjugal. A fecundação in vitro quer dar o direito de dar um filho à mulher solteira. Não dá à criança o direito de ter pais conhecidos, criado na harmonia da família." O pesquisador Juan de Dios Vial Correa, presidente da Academia Pontifícia para a Vida e ex-reitor da Universidade Católica do Chile, demonstrou preocupação com o que considera "posturas cada vez mais permissivas" no que se refere ao uso de células provenientes dos embriões humanos em investigações científicas e na clonagem de órgãos. "Qualquer clonagem que envolva embriões é ilícita, há objeções morais legítimas. Só o fato de envolver vida humana já deveria ser decisivo para proibir o uso dos embriões humanos", disse o professor chileno. O congresso latino americano acontece simultaneamente ao 3º Congresso Brasileiro de Médicos Católicos e continua hoje, na sede da Academia Brasileira de Letras, no Rio. Os congressos têm como presidente de honra o cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, dom Eugenio Sales, que abriu o debate e assistiu da platéia às palestras e mesas redondas. O urologista brasileiro Alfredo Canalini ressaltou que "os médicos católicos não são refratários à pesquisa científica nem são partidários do obscurantismo". "O que queremos é a pesquisa com princípios éticos", emendou. Um dos assuntos em debate foi o aborto nos casos de má formação do feto, rejeitado pelos católicos. "A formação genética (de um feto) não nos autoriza a tirar a vida", disse um dos representantes do Vaticano, o médico Renzo Paccini, que falou sobre engenharia e terapia genéticas e eugenia. Paccini falou dos perigos das tentativas dos pesquisadores de moldar geneticamente um embrião, traçando o futuro perfil da criança. "A decisão dos país de mudar características do filho é moral?", questionou Paccini. Para ele, uma "suposta liberdade de escolha" não pode ser justificativa para que um casal decida, por exemplo, que o filho tenha grandes aptidões para matemática ou uma capacidade de visão excepcional. "É um prejuízo à autonomia o fato de homens serem modelados à vontade de outros homens", disse o médico, que alertou para os riscos da "desigualdade racista". Outro representante do Vaticano no congresso, o monsenhor Javier Lozano Barragán, presidente do Pontifício Conselho da Pastoral da Saúde, resumiu as posições do papa João Paulo II em relação à prática médica. Barragán citou o quinto mandamento - ?Não Matarás?. "As manipulações de embriões são eufemismo para encobrir o aborto", disse o monsenhor.

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