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'Me preocupa um ex-presidente da República ser conduzido debaixo de vara', diz ministro do STF

Marco Aurélio Mello criticou a condução coercitiva de Lula pela PF, mas afirmou que isso não prejudica a legitimidade das investigações

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Por Gustavo Aguiar
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), demostrou preocupação com a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira, 4, para prestar depoimento à Polícia Federal no âmbito das investigações da Operação Lava Jato. “Me preocupa um ex-presidente da República ser conduzido debaixo de vara”, disse.

O ministro do STF Marco Aurélio Mello Foto: Dida Sampaio|Estadão

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Embora o Ministério Público Federal tenha solicitado os mandados, autorizados pela Justiça Federal, o ministro afirmou que a Polícia Federal deveria ter “observado os parâmetros normais” e intimado Lula a prestar depoimento em vez de levá-lo contra sua vontade. “Um ex-presidente da República, sem ter oposto resistência física, ser conduzido coercitivamente revela em que ponto nós estamos. A coisa chegou ao extremo”, afirmou Mello.

Apesar disso, o ministro disse que a condução coercitiva de Lula não prejudica a legitimidade das investigações. “O depoimento do ex-presidente é uma fase embrionária da operação. Espero que tudo seja esclarecido. Se alguém cometeu desvio de conduta, que pague por esse desvio.”

Mello defendeu, no entanto, o respeito à ordem jurídica. “Esse é o preço módico que pagamos por viver em um Estado democrático de direito. Não se avança culturalmente sem isso”.

A 24ª da Operação Lava Jato, que tem como principal alvo o ex-presidente, é, para Mello, a prova de que não há ninguém acima da lei. “O Supremo já havia diplomado isso no julgamento do mensalão. Todos estão submetidos às leis vigentes no País”.