MDB escolhe Simone Tebet para disputar presidência do Senado

Decisão da bancada é tomada um dia depois de o PT anunciar apoio ao candidato do DEM, Rodrigo Pacheco

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Por Daniel Weterman
Atualização:

BRASÍLIA – A bancada do MDB escolheu nesta terça-feira, 12, a senadora Simone Tebet (MS) para disputar a presidência do Senado. A decisão foi tomada um dia depois de o PT anunciar apoio ao candidato do DEM, Rodrigo Pacheco (MG), em uma aliança que chamou a atenção porque o senador tem o aval do presidente Jair Bolsonaro. Desde que Bolsonaro acertou com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), o respaldo à candidatura de Pacheco, os governistas do MDB traçaram outra estratégia.

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Os líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE), e no Congresso, Eduardo Gomes (TO), atenderam ao apelo de Bolsonaro e desistiram de entrar no páreo. Eduardo Braga, líder do MDB no Senado, seguiu o mesmo caminho ao perceber que não teria chance.

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Simone Tebet é apontada nos bastidores do Congresso como um nome que vai para a disputa apenas para marcar posição e indicar independência do partido em relação ao Planalto, mas sem ser competitiva. A senadora sempre foi próxima do grupo ‘Muda, Senado’ e defensora da Lava Jato e do ex-juiz Sérgio Moro.

A senadoraSimone Tebet(MDB-MS) vai disputar a presidência do Senado contra Rodrigo Pacheco (DEM-MG) Foto: Dida Sampaio/Estadão

“Minha candidatura não é nem oposição nem situação”, disse a senadora. “Será oficialmente anunciado para o presidente da República que o MDB não vem para qualquer tipo de tensão entre as instituições e os poderes. Este é um momento de harmonia. Ou entendemos que a independência significa harmonia ou vamos desconstruir este País.”

Na Câmara, o MDB apresentou a candidatura do deputado Baleia Rossi (SP), que preside o partido e tem como principal rival Arthur Lira (Progressistas-AL), chefe do Centrão. O PT aderiu à campanha de Baleia, mas avaliou que, com seu apoio no Senado, o MDB ficaria muito forte e se aliou a Pacheco, mesmo estando do mesmo lado de Bolsonaro.

“O PT resolveu apoiar quem eu tenho simpatia no Senado”, ironizou Bolsonaro, em conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada. “Eu nunca conversei com deputado do PT, do PC do B e do PSOL, nem eles procuraram falar comigo. Eu já sei qual é a proposta deles.”

Bancada do MDB aumentou de 13 para 15 integrantes

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No Senado, o MDB é a maior bancada e tenta voltar ao comando do Legislativo após ser derrotado por Alcolumbre, em 2019. Nesta terça-feira, 12, o partido filiou dois novos senadores: Veneziano Vital do Rêgo (PB), que deixou o PSB, e Rose de Freitas (ES), ex-Podemos. Com isso, a bancada aumentou de 13 para 15 integrantes.

A eleição que renovará a cúpula da Câmara dos Deputados e do Senado está marcada para fevereiro. Os chefes das duas Casas têm poder de pautar projetos de lei e propostas de emenda à Constituição. Cabe ao presidente da Câmara, por exemplo, arquivar ou dar prosseguimento a processos de impeachment. O resultado dessa disputa também é um indicativo da correlação de forças para a eleição presidencial de 2022.

Simone Tebet disse que tentará fechar uma aliança com Podemos, PSDB, Cidadania e PSL. Afirmou, ainda, que conversará com as bancadas que já anunciaram apoio a Pacheco. “Vou buscar apoio voto a voto. Com a entrada do MDB, a disputa voltou à estaca zero”, argumentou.

Na prática, porém, Pacheco largou na frente. Nesta terça, a cúpula do PL – sigla que compõe o Centrão – informou a adesão à campanha do senador mineiro. Até o momento, o candidato do DEM tem o aval do PT, do PSD, do PROS, do Republicanos, do PL e do PSC. O Progressistas anunciará hoje o reforço à candidatura de Pacheco. Com isso, caso não haja traições, o bloco em torno dele reunirá 38 dos 81 senadores, isolando ainda mais Simone. Para um candidato vencer a eleição no Senado são necessários 41 votos.

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Alcolumbre tem nas mãos uma brecha no regimento interno que pode beneficiar o candidato à sua sucessão. Trata-se de um dispositivo que abre caminho para um senador ser eleito com menos de 41 votos, se não houver os 81 no plenário. O regimento exige “maioria de votos, presente a maioria da composição do Senado”.

Em tempos de pandemia do novo coronavírus, porém, há receio de faltas no dia da votação. Adversários políticos do presidente do Senado dizem temer que ele use isso como manobra de última hora, dependendo do desempenho de Pacheco.

Após muita polêmica sobre o sistema de votação, a eleição tanto na Câmara como no Senado deverá ser presencial, com urnas espalhadas pelo Congresso. Rodrigo Maia disse, porém, que poderá haver voto virtual para deputados idosos, do grupo de risco em relação à covid-19. 

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O encontro da Mesa Diretora expôs as divergências para a disputa. Até agora não houve acordo nem mesmo sobre o dia da eleição – se será em 1.º ou 2 de fevereiro – e se o PSL ficará formalmente com Lira ou com Baleia Rossi.

O partido faz parte do bloco de Baleia, mas 32 deputados assinaram um documento de apoio a Lira. Entre os dissidentes, no entanto, há 17 parlamentares suspensos e agora se discute se as assinaturas deles são válidas ou não. Aliado de Lira, o procurador da Câmara, deputado Luis Tibé (Avante-MG), apresentou um parecer atestando legitimidade à assinatura dos suspensos. O parecer foi rejeitado. “Não cabe ao procurador isso”, disse Maia, que marcou uma nova reunião para o próximo dia 18. / COLABOROU CAMILA TURTELLI

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