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Mattoso fracassa ao tentar assumir sozinho quebra de sigilo

Ouvido pela PF, Mattoso entrou em contradição e complicou ainda mais a situação de Palocci e de Tião Viana

Por Agencia Estado
Atualização:

Fracassou a tentativa do ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso de assumir sozinho a responsabilidade pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, pivô da crise que há quase dois meses derrubou o então ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Ouvido nesta segunda em depoimento pela Polícia Federal em São Paulo, pela segunda vez, Mattoso entrou em contradição e complicou ainda mais a situação de Palocci e do líder do PT no Senado, Tião Viana (AC), que poderá ser convidado a dar esclarecimentos. Após o depoimento que durou das 9 horas às 12h30, a PF reforçou sua convicção de que o ex-presidente da Caixa simulou uma consulta de fachada quando pediu à Seção de Informática, no dia 17 de março, que fizesse a pesquisa de conta do caseiro. A PF tem provas de que Palocci já tinha cópia do extrato de Francenildo desde a noite do dia anterior, quinta-feira, 16 de março. Apesar disso, Mattoso insistiu na tese, aparentemente para proteger outros companheiros do governo e da Caixa, de que foi o único responsável pela quebra do sigilo do caseiro. A farsa de Mattoso ficou mais evidenciada ainda com o depoimento do advogado Wlício da Costa, tomado no final de se semana, que garantiu à PF que seu cliente, Francenildo, confidenciou ao jardineiro Leonardo Moura, uma semana antes, em dia 10 de março, ter "um bom dinheiro" depositado numa conta de poupança na Caixa. Leonardo, ainda segundo levantou a PF, teria soprado a história para sua patroa, Helena Chagas, que é diretora da sucursal do jornal O Globo em Brasília. Em depoimento à PF, Helena confirmou ter ouvido a versão do seu jardineiro e disse ter comentado o assunto com o líder do PT no Senado na tarde de 15 de março, uma quarta-feira, com o intuito de fazer reportagem para o jornal. No mesmo dia, ela afirmou ter recebido ligação de Palocci, que queria checar a veracidade dos rumores sobre a movimentação financeira de Francenildo. A jornalista contou que conversou com o ministro e disse a ele que os rumores existiam mas, por não serem consistentes, seu jornal desistira de publicar a matéria. Ela mora numa casa no Lago Sul, vizinha da mansão usada por antigos assessores de Palocci, na qual Francenildo trabalhava como caseiro. Francenildo e Leonardo serão chamados para depor novamente esta semana e, se necessário, será tomado novo depoimento de Helena. Na noite do dia 16, quinta-feira, conforme apurou a PF, Palocci já teria em mãos uma cópia do extrato de Nildo e se reuniu com dois assessores do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para tentar colocar a PF no encalço do caseiro que, conforme supunha, estaria recebendo dinheiro da oposição para denegrir sua imagem. As investigações constataram que o dinheiro na conta do caseiro, R$ 25 mil, tinha sido depositado pelo seu pai biológico, que se recusa a assumir a paternidade.

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