Matilde cometeu 'apenas falhas administrativas', diz Lula

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Por Leonencio Nossa
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Ao dar posse a Edson Santos como novo ministro de Políticas e Promoção da Igualdade Racial, no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou a ex-ministra Matilde Ribeiro, que deixou o governo depois de admitir ter usado o cartão corporativo da presidência para fazer compras pessoais em um free shop. "A companheira Matilde saiu do governo sem ter cometido nenhum crime, nenhum delito. Ela cometeu apenas falhas administrativas", disse o presidente. Lula ainda isentou o governo de culpa pelo atraso nos projetos defendidos pela comunidade negra. Ele responsabilizou os movimentos negros pelo fato de o Estatuto da Igualdade Racial estar parado no Congresso Nacional. Segundo o presidente, "não são poucas" as divergências nesses movimentos. Lula defendeu a manutenção das secretarias de governo, como a da Igualdade Racial, que foi agora transformada em ministério. "No Brasil tem um tipo de pessoa que acha que o governo é bom se tiver menos gente trabalhando", afirmou. "Essas pessoas são democráticas, mas precisam mais de um imperador do que um presidente democrático, que atenda anseios de décadas dos movimentos sociais", acrescentou o presidente. Dirigindo-se para o novo ministro, Lula o orientou a viajar pelo país, a fim de conhecer a realidade da população negra. "Não se preocupe com as críticas às suas viagens, porque tem gente que está habituada a ver governos entocados quatro anos aqui e só fazendo política pelo que lê. Além de ler, você deve sair pelo País para ver que tem muito mais negros discriminados do que na periferia do Rio". Lula evitou entrar em temas polêmicos, como a questão das cotas para negros nas universidades. Ele disse apenas que o processo de combate ao preconceito no País é lento. Para o presidente, do ponto de vista legal e institucional, não há discriminação, mas as leis ainda não conseguem resolver um problema prático que é o preconceito. "Isso é quase que uma coisa hereditária. É um processo penoso", afirmou.

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