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Material vendido era de má qualidade

Em gravações, envolvidos conversam sobre problemas com bolsas de soro

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Por Redação
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As investigações da Operação Parasitas mostram, segundo a polícia, que as empresas forneciam aos hospitais públicos materiais de qualidade muito inferior à contratada nas licitações. O esquema baseava-se na venda de produtos supostamente da empresa Halex Istar, que os forneceria a um grupo de distribuidores de material hospitalar de São Paulo, Minas, Goiás, Rio e Paraná. Sediada em Goiás, a Halex Istar tem entre seus clientes as empresas Home Care, Velox, Vida?s Med, Biodinâmica e Embramed, todas investigadas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual (MPE). A polícia apura se entre o material fornecido aos hospitais há equipamentos produzidos na China e introduzidos ilegalmente no país, como se tivessem sido feitos no Brasil pela Halex Istar. Grampos telefônicos mostram que esse material, chamado de "chinês" nas conversas pelos investigados, teria apresentado defeitos em diversos hospitais de São Paulo. Para entregar esse material de qualidade inferior, o grupo enganava com amostras falsas dos produtos o processo de análise durante as licitações. Esse foi o caso, segundo a polícia, do fornecimento de soro a hospitais da capital. Em diálogo interceptado pela polícia, a supervisora das empresas Vida?s Med e Biodinâmica, Vanessa Favero, conversaria com o empresário Arthur Weltman Hutzler, apontado pela polícia como um dos sócios da empresa Embramed Produtos Hospitalares. O diálogo ocorreu no dia 14 de maio, às 10h44 . Vanessa conta que as bolsas de soro "chinesas" que o grupo estava mandando aos hospitais haviam dado problema. "Eu tava conversando com o Luciano e ele falou que esses problema que deu no chinês foi praticamente só no I.C., que nos outros institutos não teve , no Incor, no ortopedia". Vanessa segue afirmando que seria melhor "priorizar esse chinês pros outros institutos". "Entendeu? E evitar o IC". A supervisora busca o apoio de Hutzler para enviar o material chinês para os outros hospitais. O empresário, segundo relatório da inteligência da Polícia Civil, diz a Vanessa: "Vou falar pra ele jogar mais pros outros, que o emprenho dele grande é no I.C.. Mas tudo bem. Vou falar pra ele jogar mais pros outros. Deixa comigo." Vanessa foi uma das cinco pessoas que tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça. Ela seria interrogada ontem na Unidade de Inteligência do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), mas a supervisora se negou a depor. "Ela é inocente. A prisão da minha cliente não se justifica, pois ela está à disposição para prestar os esclarecimentos necessários. Contudo, é preciso que a defesa tenha acesso aos autos, pois, para se defender, a Vanessa tem de saber do que a estão acusando", disse o advogado Bruno Bardella. Segundo ele, a defesa ainda estuda as medidas judiciais que vai tomar no caso. O Estado procurou o empresário Hutzler mas não conseguiu localizá-lo.

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