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Marun diz que há um 'complô' contra candidatura de Temer

Representante do presidente reiterou que pretende pedir o impeachment do ministro do STF Luís Roberto Barroso, mas poupou críticas a Raquel Dodge, que fez os pedidos de prisão contra amigos de Temer

Por Carla Araujo
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou que a operação da PF que prendeu amigos de Temer, nesta quinta-feira, 29, mostra que há "um complô" e que os "canhões da conspiração" tentam inviabilizar a candidatura do presidente à reeleição. Marun afirmou que a autorização dos mandados de prisão temporária para colher depoimentos, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, é uma "situação que se constitui um absurdo". "E em muito nos preocupa", disse.

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"Eu estou muito preocupado, independentemente de quem seja o presidente da República, de quem esteja no exercicio de funções A ou B, com essa escalada de um autoritarismo inconsequente." Marun ainda afirmou que a Constituição precisa ser respeitada e ressaltou que o presidente não pode ser denunciado por fatos anteriores ao seu mandato. "O Brasil foi sequestrado pelo corporativismo", disse. 

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB) Foto: Dida Sampaio/Estadão

"Tenho absoluta desconfiança de prisões que acontecem na véspera de feriados", destacou. A Polícia Federal deteve hoje o ex-assessor da Presidência José Yunes, o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi e o coronel da reserva João Batista Lima, amigos de Temer, entre outros investigados no inquérito sobre o Decreto dos Portos, do qual o presidente também é alvo.

O ministro evitou, no entanto, críticas mais duras em direção à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, mesmo tendo sido ela a responsável pelos pedidos de prisão a Barroso. Marun disse que é "DNA" do Ministério Público o viés acusatório, mas que a atual procuradora age de forma distinta do ex-PGR, Rodrigo Janot, que apresentou duas denúncias contra Temer.

"Ela toma uma decisão a pessoas e fatos anteriores ao decreto. É o DNA do Ministério Público o viés acusatório. Por isso existe Judiciário. E o Judiciário e o MP não podem andar mancomunados. O MP é parte acusatória. Ela atuou e não vejo na doutora Raquel aquele mesmo viés (de Janot) de alguém de dentro do gabinete recebendo dinheiro para orientar gravações", afirmou, em referência ao ex-procurador Marcelo Miller, que auxiliou a delação de Joesley Batista. "Temos a convicção de que a procuradora Raquel tem outro nível e tem responsabilidade."

Marun - que reiterou que deve apresentar um pedido de impeachment contra Barroso, evitou falar diretamente sobre o ministro, mas disse considerar que houve abuso na decisão que deflagrou a operação de hoje. "Não sou ainda o autor do pedido e não vou comentar esse assunto em função do que se estabelece semana que vem no STF. Eu não devo apresentar na próxima semana, mas não comentarei esse assunto porque esse pedido de impeachment não tem a ver com a situação de agora."

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