Marta recusa candidatura à Câmara dos deputados

Cortejada pelos governistas como principal nome para encabeçar a lista de candidatos à Câmara, a decisão de Marta desagrada à direção nacional do PT

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Por Agencia Estado
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Derrotada na escolha interna do PT do candidato ao governo de São Paulo, a ex-prefeita Marta Suplicy já mandou um recado para as lideranças do partido: "Não serei candidata a deputada federal." Cortejada pelos governistas como principal nome para encabeçar a lista de candidatos à Câmara dos Deputados, a decisão de Marta desagrada à direção nacional do partido, que aposta que sua candidatura seria uma "puxadora de votos" para a legenda. Nesta segunda-feira, logo após o anúncio oficial de que o senador Aloizio Mercadante havia sido escolhido o candidato oficial do partido ao governo paulista, o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, disse reservadamente à ex-prefeita que a procuraria para conversar sobre a possível candidatura de deputada, segundo apurou a Agência Estado. De imediato, ela repetiu o que já havia falado à imprensa. "Não vou sair candidata a deputada." A ex-prefeita e seus aliados garantiram que Marta entrará de cabeça nas campanhas pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Mercadante ao governo do Estado, mas não lançará candidatura própria. "Ela não precisa ser candidata a deputada para contribuir com o PT. Sua presença na campanha e no palanque já será suficiente", afirmou um parlamentar ligado à Marta. Os governistas, porém, prometem não deixar a ex-prefeita fora de foco e vão insistir até o último momento para que ela entre na disputa eleitoral. "Vamos fazer um abaixo-assinado para cobrar que a ex-prefeita Marta Suplicy seja candidata a deputada e assim ajude o projeto de reeleição do presidente Lula", disse o deputado estadual Vicente Cândido, um dos coordenadores da pré-campanha de Mercadante em São Paulo. A insistência dos governistas para que Marta seja candidata à uma vaga na Câmara é alimentada pela falta de um nome que desponte como futura liderança do partido - depois da cassação do mandato de José Dirceu e do isolamento político de José Genoino, que chegou a pensar em tentar uma candidatura de federal, mas que teria sido demovido após as novas denúncias feitas pelo ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira de corrupção no partido durante a sua gestão. O próprio presidente Lula, segundo lideranças do partido, vê com bons olhos a possibilidade de investir na candidatura de Marta como uma futura liderança do PT na Câmara. A decisão da ex-prefeita Marta Suplicy de não se lançar candidata a deputada federal cumpre um acordo que ela teria feito com sua base aliada - principalmente aqueles que também vão pleitear uma vaga na Câmara dos Deputados. "A ex-prefeita já tem demonstrado que não quer ser candidata para trabalhar nas campanhas de deputado de seus aliados mais próximos e assim criar uma bancada martista no Congresso", afirmou um parlamentar paulista do PT que vai lançar candidatura a deputado federal. Os principais aliados beneficiados por Marta seriam os deputados estaduais Cândido Vaccarezza e Ítalo Cardoso, o deputado federal Devanir Ribeiro e seus ex-secretários Gilmar Tatto e Carlos Zarattini. "A ex-prefeita contribuiria mais com o PT com a candidatura própria, pois assim traria mais votos para o partido e aumentaria a força da legenda no resultado da eleição. Agora, se vai utilizar do peso político que tem para eleger um grupo específico de aliados dentro da legenda, ela está equivocada", disse um deputado paulista.

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