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Marta pede sindicatos na rua na reta final

Petista convocou centrais para intensificar campanha; estratégia é crescer 3 pontos nas pesquisas e seguir com tranqüilidade para o segundo turno

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Por Vera Rosa
Atualização:

Conduzida até agora no piloto automático, para fugir das cascas de banana lançadas por adversários, a campanha de Marta Suplicy (PT) à Prefeitura de São Paulo vai apostar em mobilizações de rua e pegar carona no movimento sindical na última semana antes da votação de 5 de outubro. A cúpula do PT está convencida de que Marta enfrentará no segundo turno o prefeito Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição, e avalia que a disputa será muito difícil daqui para frente. Em reunião realizada ontem com dirigentes de seis centrais sindicais, a equipe petista avisou que será preciso criar forte movimento até quinta-feira - último dia permitido para a campanha. A meta de Marta é crescer mais três pontos até o dia da eleição. Hoje ela tem 35%, segundo o Ibope. "Vamos apertar o passo e dar maior dinâmica à campanha nesta reta final", afirmou o deputado Carlos Zarattini (PT), coordenador da equipe de Marta. Apesar do otimismo dos discursos, o comitê do PT teme o confronto com Kassab - que detém a máquina municipal e o apoio do governador José Serra - e prefere o embate com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). "Kassab e Alckmin estão guerreando, numa luta intestina, para ver quem vai disputar com o PT, mas a posição de líder não permite mudanças de estratégia", comentou o vereador José Américo Dias, presidente do PT paulistano. Em conversas reservadas com dirigentes do PT, o publicitário João Santana - marqueteiro de Marta - disse que o ideal é a ex-ministra avançar três pontos para "ganhar bem" no dia 5. No diagnóstico de Santana, quem vota no candidato que lidera com grande vantagem no primeiro turno dificilmente muda de opinião depois. De qualquer forma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu entrar "com tudo" no segundo turno, para auxiliar Marta na eleição mais importante do País. Motivo: São Paulo é vista no Planalto e no PT como a "jóia da coroa" e o desfecho da briga na capital paulista é tido como prévia da luta entre petistas e tucanos na eleição presidencial de 2010. Embora tenha elevado o tom contra o DEM ao subir no palanque de Marta em comício na zona norte, há uma semana, Lula faz análise diferente daquela apresentada pela cúpula do PT e prefere enfrentar Kassab a Alckmin. Desde a campanha de 2006, o presidente não perdoa o tucano, que acusou seu governo de corrupção. A irritação de Lula com o ex-governador é tão grande que ele chegou a dizer a Kassab num encontro em São Paulo, há cerca de um mês e meio, que poderia até subir no seu palanque para ajudá-lo a desbancar Alckmin, se Marta não fosse candidata ou se o PT estivesse fora do páreo. Foi uma frase de efeito, mas dá a dimensão de quanto o presidente detesta o ex-governador. Por enquanto, o comando da campanha de Marta concentra as atenções nas mobilizações de rua dos próximos dias. Hoje e amanhã, por exemplo, a candidata tem comícios marcados em Grajaú, Capão Redondo, Sapopemba e Cidade Tiradentes. Na terça-feira, ela participará de grande encontro com 150 dirigentes sindicais, que também prometem pedir votos nas portas de fábrica. Com a subida de Kassab, a equipe de Marta congelou os contatos para se aproximar do PMDB. "A disputa vai ser acirrada: Marta é forte, o PT é forte e Lula está muito bem, mas eu acho que Kassab ganhará a eleição", afirmou o presidente do PMDB paulista, Orestes Quércia, fiador da candidatura do prefeito.

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