Marta critica corrupção no PT, mas admite ir para PSB, também na mira da Lava Jato

Senadora condenou papel de 'protagonista' de sua antiga sigla em escândalo de corrupção, sem citar a Lava Jato, mas partido socialista também é investigado

Por Isadora Peron
Atualização:

Brasília - A senadora Marta Suplicy (SP), que oficializou a sua saída do PT nesta terça-feira, 28, disse que o fato de um dos parlamentares do PSB ser investigado pelo suposto envolvimento no esquema de corrupção na Petrobrás não será um empecilho para que ela se filie ao partido no futuro.

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"Eu não tenho mais 30 anos, eu tenho 70. Então hoje eu estou entrando (no PSB) de uma forma muito diferente da que eu entrei (no PT). Isso significa que você entra procurando um projeto para o Brasil, que hoje eu não vejo mais no PT", disse.

Apesar de não citar nominalmente o esquema investigado pela Operação Lava Jato, a senadoradiz em sua carta de desfiliação que o papel "protagonista" do PT no que chamou de "um dos maiores escândalos de corrupção" é a razão principal para deixar o partido que ajudou a fundar.

Após uma carreira de 33 anos no PT, a senadora Marta Suplicy deixou o partido em abril deste ano. Sua saída da legenda foi o desfecho de uma crise que começou na campanha presidencial de 2014, quando Marta foi preterida pela sigla na disputa pelo governo paulista. O candidato escolhido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha. Ela já havia sido preterida por Lula na disputa pela Prefeitura em 2012, quando o escolhido foi Haddad. Foto: André Dusek/Estadão

O PSB, porém, também é investigado no caso. No mês passado, o Supremo Tribunal Federal abriu um inquérito contra o senador e ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE). Segundo a delação do ex-diretor Petrobrás Paulo Roberto Costa, Bezerra teria pedido R$ 20 milhões para a campanha à reeleição do então governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto em 2014.

Segundo Marta, ela ainda não decidiu a qual partido vai se filiar, mas afirmou que tem até outubro, prazo estipulado pela Justiça Eleitoral para quem quer disputar a eleição de 2016, para pensar sobre o assunto. Ela admite, porém, que a conversa com PSB está adiantada e disse se identificar com quadros do partido, como a deputada Luiza Erundina (SP) e o vice-governador de São Paulo, Márcio França.

Marta afirmou ainda que decidiu sair do PT porque o partido abandonou a bandeira da ética. "O partido feriu os seus princípios, os princípios pelos quais ele foi criado e pelos quais eu me filiei. A postura ética sempre foi o mais importante, como bandeira do PT, além da justiça social. Então eu acredito que, isso tendo sido rompido, eu não tenho mais porque permanecer no partido", disse.

Apesar de ter reclamado da falta de espaço que tinha no PT nos últimos anos, ela negou que tenha decidido deixar a legenda para disputar a Prefeitura de São Paulo no ano que vem, mas não descartou a possibilidade. "Eu não me desfiliei do PT pensando nisso. Eu me desfiliei do PT por conta dos acontecimentos dos últimos anos. Mas eu sou paulista, paulistana, e sou muito crítica ao governo que o Fernando Haddad está fazendo. Então há uma possibilidade muito real de eu poder avaliar ser candidata", disse.

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