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Marta ataca caráter de Kassab, que reage citando mensalão

No último debate, na TV Globo, petista acusa prefeito de ignorar periferia e ele diz que rival quebrou prefeitura

Por Guilherme Scarance
Atualização:

No sexto e último debate na TV, ontem à noite, na Rede Globo, Marta Suplicy (PT) e Gilberto Kassab (DEM) cumpriram à risca o que prometiam fazer. Com 17 pontos porcentuais a menos que o adversário, segundo a última pesquisa Ibope encomendada pelo Estado e pela TV Globo, a ex-ministra do Turismo leu o que chamou de "carta infame" que seria enviada pela Prefeitura de São Paulo para advertir moradores que serão despejados. Vendeu a imagem de que ele ignora a periferia e questionou seu caráter. Já o prefeito usou como munição um livro do ex-vice-prefeito Hélio Bicudo em que ele admitiria o caos financeiro deixado pela gestão do PT e cobrou insistentemente Marta sobre sua relação com os personagens do mensalão. Blog da eleição: Gabriel Manzano Filho analisa debate Perfil: Veja quem são os candidatos à Prefeitura de SP Ibope: Gráfico traz resultado das últimas pesquisas O debate já começou com estocadas. Na primeira pergunta, Kassab disse que José Serra assumiu a prefeitura, em 2005, com "a cidade quebrada, um caos", garantindo que o próprio Bicudo, que foi vice da petista, endossava a constatação. A candidata garantiu ter herdado situação muito pior de Celso Pitta e de Kassab, seu ex-secretário de Planejamento. Após enumerar problemas, alfinetou: "Foi a cidade que recebi de você, com Pitta. Acabaram com ela." A petista também aproveitou sua primeira pergunta para bater: leu um documento que teria sido enviado pela Secretaria da Habitação para Jucilene Silva, da favela Jardim Edith, antes de ser despejada. Entre outros pontos, recomendava deixar móveis desmontados, avisar no serviço que faltaria e tirar as crianças do local. Ela se referiu ao texto como "carta infame". "Respeitar as pessoas não é com você mesmo. Não é pegadinha, estamos falando de gente, de seres humanos. Quando você diz ?tire as crianças do caminho?, eu coloco as crianças no caminho, coloco no CEU", disse ela. Kassab afirmou, reiteradamente, que não sabia se o documento era verdadeiro. Ela insistiu: "Essa é sua política habitacional. Eu me comovo, eu cuido das pessoas." TEMPO VERBAL Os dois duelaram até por tempos verbais. "Governar não é estar fazendo, usando gerúndio, fazendo. Governar é fazer. A realidade é que você não fez. Por exemplo, os cinco corredores de ônibus que prometeu", cutucou a petista. "A frustração da ex-prefeita, hoje candidata, é que eu estou fazendo e ela não fez", rebateu o candidato do DEM. A ex-ministra voltou à artilharia ao citar o caso de Marcelo Eivazian (DEM), assessor político do subprefeito da Mooca, preso na Operação O Rapa com outros 10 acusados de extorquir dinheiro de ambulantes do Brás, na zona leste de São Paulo. "Fomos rigorosos com ele e ajudamos a prendê-lo", declarou Kassab, aproveitando a deixa para cobrar de Marta uma posição sobre os personagens do mensalão. "Nunca vi você dizer que se afastou dessa turma." Kassab também provocou, como no momento em que cobrou Marta pelo gasto de R$ 300 milhões com dois túneis nos Jardins e R$ 340 milhões no fura-fila. Em vários momentos, eles acusaram um ao outro de mentir e distorcer dados. A temperatura voltou a subir quando ela praticamente garantiu que Kassab instituiria o pedágio urbano. "Ela precisa ser correta com o telespectador. É um direito dele. Não haverá pedágio urbano. Eu não sou um ditador. Cada parlamentar tem o direito de apresentar a proposta que quiser." E acusou: "Esse é o problema da sua campanha. Nem você acredita. Precisa falar a verdade para o eleitor." Cobrado pelo escândalo dos precatórios na gestão Pitta, ele retornou à mesma tecla: "Vem sempre com a história do Pitta. Eu me afastei do Pitta e ela não explica por que não se afastou do pessoal do mensalão." PONTOS ALTOS 1. Kassab surpreendeu ao citar livro em que o ex-vice-prefeito Hélio Bicudo admite falta de recursos no final da gestão petista 2. Marta deixou o adversário acuado ao ler documento da prefeitura que orientava favelados que seriam despejados a "tirar crianças do caminho" 3. Kassab, acusado de planejar pedágio urbano, revelou que aliados de Marta defendem a idéia 4. Marta relacionou o rival à dívida deixada pela gestão Pitta PONTOS BAIXOS 1. Kassab, no primeiro bloco, disse que a gestão da adversária deixou túneis que eram "vítimas de enchentes" 2. Marta, questionada sobre o "turno da fome" em escolas, desconversou e falou sobre creches na resposta 3. Kassab não respondeu ao ser questionado sobre supostas irregularidades em licitações de creches e do Expresso Tiradentes 4. Marta, cobrada sobre o tema, não se posicionou sobre os envolvidos no mensalão

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