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Marina Silva considera 'lamentável' absolvição no caso Dorothy

Fazendeiro acusado de mandar matar missionária no Pará foi absolvido em novo julgamento na última terça

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Por Agência Brasil
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A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, considerou "lamentável" a absolvição do fazendeiro  Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser mandante do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, ocorrido no município de Anapu (PA), em fevereiro de 2005. "É lamentável. O Brasil fica estarrecido com a decisão. No País, poucos mandantes foram punidos e temos que ter uma Justiça que seja capaz de punir tanto aquele que executa o crime como o que manda e contrata, porque são esses que patrocinam, principalmente na Amazônia e no estado do Pará, milhares de assassinatos", avaliou.   Na última quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também criticou a absolvição e disse esperar que seja revista a decisão do Tribunal do Júri de Belém. Mesmo frisando que presidente da República não pode "dar palpite" em decisões da Justiça, declarou que a absolvição, após o fazendeiro ter sido condenado num primeiro julgamento, em maio de 2007, mancha a imagem do Brasil no exterior.   Veja Também: Absolvição no caso Dorothy mancha imagem do Brasil, diz Lula Amiga de Dorothy prevê 'mais sangue derramado' no Pará NYT: Direitos humanos criticam absolvição no caso Após caso Dorothy, Câmara avalia lei sobre 2º julgamento Opine sobre a decisão  Júri absolve fazendeiro acusado de mandar matar Dorothy Entenda o caso da missionária Dorothy Stang    Trezentas pessoas, entre religiosos, líderes sindicais e de movimentos sociais, estão sob ameaça de morte no interior do Pará por denunciarem crimes como grilagem, extração ilegal de madeira e exploração de mulheres. O número foi levado ao Conselho de Defesa dos Direitos das Pessoas Humanas (CDDPH), órgão da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, por três bispos que também integram a lista de jurados de morte no Estado - onde foi assassinada há três anos a irmã Dorothy Stang. A governadora do Estado, Ana Júlia Carepa (PT), disse, em nota, que reconhece uma lista de 60 pessoas.   O promotor do caso Edson Cardoso de Souza entrou com recurso na última quinta-feira para levar Bida a novo julgamento. "A decisão dos jurados contrariou a prova dos autos no caso do Bida. Além disso, o Conselho de Sentença não reconheceu um item importante do julgamento, que foi a qualificadora de promessa de recompensa pela morte da freira, quando julgou e condenou a 28 anos o Rayfran das Neves, o pistoleiro", explicou Cardoso.     A absolvição de Bida foi criticada por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência. Ex-presidente do STF, Jobim disse que "cabe a eles (2ª Vara do Júri de Belém) decidir". "Como advogado que fui, juiz e político, sei muito bem que as decisões tomadas pelos tribunais são em cima do processo. Não tenho opinião a emitir", disse.    Este foi o segundo julgamento de Vitalmiro Moura, condenado em maio do ano passado a 30 anos de reclusão, em regime inicialmente fechado. O fazendeiro, que estava preso desde 2005, foi libertado já na noite da última terça, após o resultado do julgamento. Rayfran Sales, que confessou ter sido o executor da missionária, também foi julgado na última terça e teve a pena de 28 anos de prisão confirmada.   O júri que absolveu Bida era formado por seis homens e uma mulher. Eles acataram a tese da defesa de negativa de autoria de mando do crime. O que pesou na absolvição foi o depoimento do pistoleiro favorável ao fazendeiro, assumindo sozinho a autoria do crime. A defesa de Moura festejou a absolvição juntamente com os familiares do fazendeiro.   A missionária Dorothy Stang foi morta com seis tiros em Anapu, a 300 quilômetros da capital paraense, em fevereiro de 2005. Ela trabalhava com a Pastoral da Terra e comandava o programa em uma área autorizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

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