Marina intensifica coleta de assinatura para Rede

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Por Daiene Cardoso
Atualização:

Os simpatizantes da ex-senadora Marina Silva estão correndo contra o tempo para coletar, até o final de junho, as 500 mil assinaturas necessárias para criação da Rede Sustentabilidade. A preocupação é que os cartórios eleitorais costumam apontar irregularidades e rejeitar até 30% das fichas de apoiamento apresentadas, o que obriga a militância a intensificar os eventos para ir além do número de assinaturas exigido pela Justiça Eleitoral. "Temos de trabalhar com a perspectiva de 700 mil assinaturas", afirmou o deputado federal Walter Feldman (SP), da Comissão Nacional Provisória da futura legenda.A Rede atingiu hoje 328.908 fichas de apoio graças a um calendário de eventos que incluiu show em São Paulo, coleta de assinaturas em locais de grande movimentação (entre eles a Virada Cultural da capital paulista e mobilização em parques) e mutirões nos fins de semana. Marina Silva também se impôs uma agenda intensa para tentar alavancar as assinaturas. Na última semana, a ex-senadora passou dois dias em Pernambuco e três em São Paulo numa força-tarefa para dobrar os apoios, mas apesar do número crescente de assinaturas, o esforço ainda não é suficiente. "Nós nos impusemos um prazo extremamente curto", reconheceu João Paulo Capobianco. "Está muito apertado, é inegável, mas conseguimos isso sem nenhuma estrutura, sem uso de máquina pública", comentou Feldman.Os aliados de Marina negaram que os comentários da ex-senadora sobre o preconceito religioso contra o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) tenham afetado o processo de coleta de assinaturas, mas admitiram o desconforto inicial com a repercussão da fala. "Teve um impacto num primeiro momento que preocupou", contou Feldman. Na avaliação dos "marineiros", houve uma resposta rápida da assessoria da ex-senadora ao esclarecer as declarações e, por isso, não houve reflexo na campanha de coleta de assinaturas.Para alcançar o objetivo imposto pela legislação eleitoral, os organizadores prepararam um mega evento entre os dias 10 e 15 de junho, em local ainda não definido, para o que chamam de "sprint final" da campanha de coleta de assinaturas. Assim como na campanha presidencial de 2010, quando Marina cresceu na reta final e obteve quase 20 milhões de votos à Presidência da República, seus simpatizantes apostam no mesmo fenômeno para viabilizar o novo partido. "Acreditamos numa onda final", afirmou o deputado.As primeiras fichas de apoiamento foram entregues há 15 dias nos cartórios eleitorais e, a partir desta semana, a Justiça Eleitoral deve começar a devolver as fichas consideradas irregulares. "A experiência de outros partidos mostra que 30% (das fichas) pode não ser validada", admitiu Marcela Moraes, coordenadora de Organização da futura sigla. Segundo o advogado André Lima, consultor jurídico da Rede, optou-se por entregar à Justiça Eleitoral volumes com até 100 fichas nos cartórios para agilizar o processo.Prazo apertadoA legislação eleitoral exige que um novo partido, para ser criado, apresente 500 mil assinaturas de 9 Estados, sendo pelo menos 0,1% dos votos válidos para deputado federal da última eleição. "Mas nós não precisamos das 500 mil assinaturas validadas para dar entrada nos cartórios", disse Lima. A tática será encaminhar primeiro as certidões nos Estados com menor número de eleitores. "Assim que atingir o número mínimo no Estado, a gente entra com os procedimentos (na Justiça Eleitoral local)", explicou Bazileu Margarido, coordenador-executivo.Com as certidões que validam as fichas de apoio emitidas pelos cartórios, o grupo de Marina trabalha com o plano de entregá-las nos Tribunais Regionais Eleitorais (TRE) até o final de junho e, com a aprovação dessas instâncias, encaminhar o pedido de formalização do partido até o final de julho ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), permitindo assim que a Rede seja oficializada em outubro de 2013, a um ano da sucessão presidencial.Mesmo com os prazos apertados, o grupo de Marina acredita que será possível criar o partido em tempo hábil para lançá-la à Presidência da República em 2014. "Não trabalhamos com esta hipótese (de não conseguir criar o partido até outubro) porque haverá um esforço adicional. Mas se isso, por algum motivo, não for possível, não vai afetar o nosso projeto", garantiu Capobianco.

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