Marina diz que não brigou, só foi ''morar na vizinhança''

PUBLICIDADE

Por Evandro Fadel e CURITIBA
Atualização:

A senadora Marina Silva (sem partido-AC) afirmou ontem que não rompeu com o PT, ao pedir a desfiliação. "Me entendam como um subsistema que não rompeu com os familiares da casa, que saiu, simplesmente foi morar na vizinhança para que possamos continuar juntos, nos encontrando na mesma rua, no mesmo bairro, nessa comunidade de pensamento", comparou. Ela deve se filiar amanhã ao Partido Verde, em solenidade em São Paulo. Apesar de ter dito mais uma vez que não se colocava no lugar de candidata à Presidência da República, ela já ganhou o apoio explícito do teólogo Leonardo Boff, com quem participou de um debate com o tema Salvar o Planeta, responsabilidade e estratégia, na 1ª Bienal do Livro de Curitiba. Segundo ele, o Brasil ganha muito com a dedicação de Marina aos temas ambientais. "É uma missão enorme que ela tem e já estou dando meu voto", ressaltou Boff. De acordo com a senadora, a decisão tomada foi "dolorosa" pelos 30 anos de vida no PT. "Foi o partido que me deu a cidadania", destacou. "Jamais teria qualquer espaço na política se não fosse um partido como o PT, que tinha um trabalho na base." Ela explicou que a decisão de se filiar ao PV foi em razão de o partido estar disposto a fazer uma revisão programática para colocar a questão da sustentabilidade como eixo estratégico de ação. "Vou me dedicar a esse processo, fazendo seminários Brasil afora, ouvindo especialistas, empresários, a sociedade", disse. Em relação à candidatura à Presidência da República, observou que ela pertence ao partido. "Eu me sinto honrada com o convite, me sinto respeitada com a forma como a sociedade e os formadores de opinião receberam essa indicação do PV, mas a decisão não pode ser tomada agora." Marina considerou que a saída dela e do senador paranaense Flávio Arns do PT mostra uma crise no partido. "O PT tem consciência disso e espero que tudo isso leve a uma avaliação, que reelabore os rumos do partido."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.