Mares Guia pela ajuda divina contra fidelidade

PUBLICIDADE

Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa
Atualização:

Preocupado com o resultado do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá se os parlamentares protagonistas do troca-troca partidário perderão os mandatos, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, evocou ajuda divina. "Pelo amor de Deus, não cogite essa hipótese!", exclamou. O ministro deu a resposta ao ser questionado pelo Grupo Estado sobre o impacto do veredicto do STF no governo. Mares Guia previu uma "chuva de demandas e dificuldades" para o Planalto se o Supremo cassar o mandato dos parlamentares e chegou até mesmo a mencionar a possibilidade de revolta dos que tiverem "direitos feridos". O governo teme a decisão do STF porque na lista dos infiéis estão 23 deputados que desde 2006 deixaram o DEM, o PSDB e o PPS para engordar a base aliada. Se os mandatos forem devolvidos para os três partidos de oposição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá dor de cabeça para aprovar a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). "Qualquer coisa que balance a normalidade dificulta a CPMF", admitiu Mares Guia. "Nenhum governo, nem o nosso, teria a mínima condição de ver esse dinheiro desaparecer no ano que vem como um golpe de sorte ou de azar", emendou, numa referência aos R$ 40 bilhões que a União espera arrecadar, em 2008, com o imposto do cheque. O ministro fez coro com Lula ao lembrar que o cenário e as circunstâncias eram outros quando os parlamentares trocaram de partido. "Como as regras do jogo não estavam explícitas, algumas pessoas fizeram esse movimento", argumentou. "Então, é o caso de perguntar: ''Poxa, para resolver uma situação definitiva ad eternum vamos sacrificar meia dúzia que fizeram (sic) movimento numa regra que não estava explicitada?" Sem esconder a ansiedade, o articulador político do governo disse ter conversado até mesmo com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que é advogado constitucionalista. "Ele está confiante em que o tribunal dê solução justa, sensata e equilibrada", afirmou. "O STF tem visão, vivência e conhecimento da situação política." CARGOS - Uma semana depois da rebelião do PMDB por cargos, o líder do partido no Senado, Valdir Raupp (RO), entregou hoje à noite a Mares Guia a lista de postos cobiçados pela sigla. Constam ali pedidos de nomeações no setor elétrico, principalmente na Eletrobrás, Eletrosul e Eletronorte. Tudo está parado à espera da indicação do ministro das Minas e Energia e a expectativa do PMDB é de que Silas Rondeau - abatido em maio pela Operação Navalha, da Polícia Federal - reassuma sua cadeira. "Vamos continuar votando com o governo, mas admito que essa situação tem causado ansiedade", comentou Raupp. Mares Guia tentou contemporizar: "Não há pressão, não estamos com a faca no pescoço nem há aqui o famoso toma-lá da cá." Na definição do ministro, a distribuição de cargos e a liberação de emendas fazem parte da "rotina". O articulador político repetiu que a quantia a ser liberada em emendas parlamentares, até o fim do ano, totalizará R$ 3,5 bilhões. "Não se surpreendam!", disse Mares Guia, dirigindo-se aos jornalistas. Ele admitiu que o cronograma de liberação de emendas atrasou, já que a autorização de gasto só ocorreu em julho. Afirmou, porém, que tudo "entrará nos eixos" em 2008, quando serão liberados mais R$ 3,5 bilhões.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.