Marco Aurélio vai substituir FHC na presidência

A partir do próximo dia 6, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, de 55 anos, poderá se tornar o segundo integrante da tradicional família alagoana a ocupar a Presidência da República. Primo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, Marco Aurélio deverá substituir Fernando Henrique Cardoso nas vezes em que o chefe do Executivo viajar para o exterior. Polêmico, Marco Aurélio costuma desagradar integrantes do Executivo ao criticar ações de órgãos do governo. O último dos incidentes entre os dois Poderes ocorreu na semana passada, após o presidente do Supremo ter comentado o tratamento dispensado aos 16 sem-terra presos pela Polícia Federal, após liderarem a invasão à fazenda da família de Fernando Henrique. "Fiquei perplexo. Colocar-se aquelas pessoas com o rosto virado para o chão, a meu ver, só teve um objetivo: a humilhação", afirmou Marco Aurélio. A reação do Palácio do Planalto veio no dia seguinte: "A relevância não está no fato de os sem-terra estarem deitados, em pé, no chão ou de lado. Foi uma punição rigorosa à ousadia que atinge a todos e à democracia", afirmou o secretário-geral da Presidência, Arthur Virgílio Neto. Para os temerosos, Marco Aurélio avisa que não vai incendiar o Brasil enquanto estiver na Presidência da República. "A coisa será muito interina, em espaço muito curto, para não deixar a cadeira vazia", promete o presidente do Supremo, que é contra a edição de medidas provisórias que não tenham caráter emergencial. A primeira vez de Marco Aurélio como presidente da República deverá ocorrer no próximo mês. O presidente Fernando Henrique Cardoso viajará em meados de maio para a Europa para participar da cerimônia de canonização da primeira santa do Brasil, Madre Paulina. Da composição atual do Supremo, apenas o decano do tribunal, ministro José Carlos Moreira Alves, já ocupou interinamente a Presidência da República. Moreira Alves, que é conhecido como opositor de Marco Aurélio no STF, substituiu durante cinco dias, em 1986, o então presidente José Sarney. Ele também detém o título inédito de "presidente dos três Poderes". Em 1987, declarou instalada a Assembléia Nacional Constituinte.