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Marco Aurélio cobra reformas no Executivo e Legislativo

Por Agencia Estado
Atualização:

Seis dias antes de deixar a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Marco Aurélio Mello criticou hoje os os Poderes e questionou o porquê de não serem feitas reformas estruturais no Executivo e no Legislativo, a exemplo do que o governo pretende fazer com o Judiciário. "Será que a bola da vez é o Judiciário?", perguntou. "Se for, estamos muito mal", respondeu. Marco Aurélio afirmou que as autoridades deveriam se esforçar para fortalecer o Judiciário que, segundo ele, é "a última trincheira dos cidadãos". "A não ser que se queira ir à babel", disse. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e os próprios juízes não foram poupados das críticas. Sem citar a declaração de Lula de que só os pobres vão para a cadeia no Brasil, Marco Aurélio disse que essa situação deve-se, em grande parte, ao fato de que, passados 15 anos da promulgação da Constituição, os Executivos federal e estaduais não implantaram devidamente as defensorias públicas, que seriam responsáveis por defender na Justiça os interesses de quem não tem dinheiro para pagar advogado. Perplexo O presidente do STF disse que ficou perplexo com a disposição do ministro da Justiça de estabelecer um controle externo do Judiciário e de criar uma secretaria para trabalhar na reforma do Judiciário. Segundo ele, o Judiciário já sofre controles interno e externo, este último estabelecido pelo TCU. "Tudo o que o TCU preconiza é observado no Judiciário", disse. Perguntado sobre o episódio de desvio de recursos da obra do Fórum Trabalhista de São Paulo, Marco Aurélio afirmou que "foi um caso excepcional". "Estou certo de que não teremos dias melhores com a criação do controle externo", opinou. Marco Aurélio voltou a comentar a afirmação do presidente Lula de que há uma "caixa-preta" no Judiciário. "Ele confundiu Judiciário com polícia", afirmou. "O Judiciário não é o responsável pela quadra vivida no tocante à segurança pública", garantiu. No entanto, o presidente do Supremo concorda que falta transparência à Justiça. "Os integrantes da magistratura têm de compreender que somos servidores públicos, que devemos contas ao contribuinte", disse. "Às vezes, temos colegas acometidos daquela doença conhecida no jargão forense como juizite, colegas que se sentem reizinhos", concluiu.

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