Marcha com ''doidões'' leva Minc à Câmara

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Por João Domingos e BRASÍLIA
Atualização:

No debate em que o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, reafirmou sua convicção de que usuário de maconha não é criminoso e que o assunto não é de polícia, mas de saúde pública, sobraram farpas para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Minc foi, informalmente, "indiciado" por um deputado-delegado. Também informalmente, o inquérito foi "extinto" por um deputado-promotor. Minc foi convocado pela Comissão de Segurança Pública da Câmara para explicar se havia feito apologia das drogas ao participar de uma marcha pela legalização da maconha, em maio, no Rio de Janeiro. "Eu me julguei no direito de cidadão livre, e não na condição de parlamentar ou de ministro, de chegar à manifestação, autorizada pela Justiça, e manifestar minha posição. Não defendo que o cidadão fume maconha. Defendo mudanças na lei, para que o usuário tenha mais segurança até para procurar tratamento." O deputado Laerte Bessa (PMDB-DF), que é delegado de polícia e foi o autor do requerimento de convocação de Minc, acusou o ministro de marchar ao lado de "doidões". A deputada Perpétua Almeida (PC do B-AC) argumentou que, antes de chamar Minc, Bessa deveria convocar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, segundo ela, hoje faz palestras pelo mundo afora pregando a legalização da maconha. Laerte Bessa reiterou que Minc deveria ser indiciado. Aí a reação foi de Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), integrante do Ministério Público. "Se algum delegado o indiciar, o Ministério Público extingue o processo, porque a marcha foi autorizada por um juiz." Nesse momento, interveio o presidente da comissão, Alexandre Silveira (PPS-MG), outro deputado-delegado. "O Ministério Público não pode extinguir o inquérito, apenas opinar ao juiz pela extinção". Bessa reclamou: "Minha formação é igual à sua. O senhor não pode me desautorizar".

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