Marcha abre fórum sem o brilho de outros anos

Custeado pelo governo venezuelano, evento perde espontaneidade e ganha tom oficial

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A marcha de abertura da edição americana do Fórum Social Mundial, ontem à tarde em Caracas, começou com a alegria, a diversidade e os gritos antiimperialistas animados de anos anteriores. Mas, após um trajeto longo e cansativo, por áreas pouco movimentadas da cidade, terminou num lugar pouco apropriado: a vastidão de uma praça projetada para desfiles militares, longe dos olhos da população. Em anos anteriores, em Porto Alegre, os organizadores incorporavam a cidade à marcha, que começava e terminava em ruas centrais. Outras novidades foram a falta de espontaneidade e o tom de improviso dos atos de abertura do evento, ao fim da marcha. Como o fórum foi financiado em grande parte pelo governo da Venezuela, os manifestantes pararam diante de um palco monumental, como os dos grandes shows e comícios ricos. A abertura coube à Orquestra de Talentos da Petrobrás, que tocou Luiz Gonzaga e Ari Barroso. Ao final, em vez de pedir palmas para os jovens músicos, o apresentador oficial pediu palmas para a Petrobrás. Bem diante do palco estava postada a delegação cubana, a mais numerosa e organizada. Todos os seus integrantes vestiam camiseta branca e boné de beisebol com as cores da bandeira cubana e gritavam slogans em homenagem a Fidel e a Cuba. O rosto de Chávez aparecia em camisetas e bonés e em palavras de ordem variadas, como ?Chávez, amigo! Colombia está contigo!? Por R$ 60 também era possível comprar um boneco do presidente venezuelano. Quando apertado, ele começa a discursar. Lula não foi tão festejado. Um grupo do PSOL passou o tempo todo da marcha gritando refrões contra ele. ?Fora já! O Bush do Iraque e Lula do Haiti!? Ou então: "Ôôôo Lula, que traição! Um operário governando pro patrão!? O ex-ministro José Dirceu marchou junto a um grupo de petistas, tendo na lapela um button de Hugo Chávez com os dizeres ?Contra el imperialismo?. Foi requisitado, várias vezes, para tirar fotos ao lado de brasileiros que o reconheceram.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.