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Marcelo Castro deixa ministério da Saúde

Peemedebista entregou carta de demissão a Jaques Wagner nesta quarta-feira; 'Minha situação estava muito delicada', disse

Por Tania Monteiro e Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB-PI), entregou no início da noite desta quarta-feira, 27, no Palácio do Planalto, a sua carta de demissão. “Minha situação estava muito delicada”, disse Castro ao Estado, após lembrar que ficou “muito vulnerável e desprotegido, depois de todos os ministros do PMDB terem deixado seus cargos e da Câmara só restava eu”.

Castro, na verdade, é o quinto dos seis ministros do PMDB a entregar o cargo. Ainda resta a ministra da Agricultura, a senadora Kátia Abreu. A exoneração de Castro, “a pedido” será publicada no Diário Oficial desta quinta-feira, 28. Castro declarou ainda que “não tenha a menor dúvida de que apoiarei o governo dele (Michel Temer), que é o presidente do meu partido, com quem tenho muito boa relação”.

Marcelo Castro era favorável àpermanência do PMDBcomo aliadodagestão Dilma Foto: Dida Sampaio/Estadão

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O peemedebista disse que não entregou a sua carta de demissão pessoalmente à presidente Dilma, porque ela estava reunida, exatamente, com Kátia Abreu, discutindo o plano safra que será lançado na semana que vem. O emissário foi o ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidente da República, Jaques Wagner, com quem Castro já havia conversado na noite de terça-feira. Segundo castro, Wagner e o ministro-chefe da Advocacia Geral da União, José Eduardo Cardozo explicaram a situação a Dilma. “Os dois argumentaram com a presidente as minhas razões.”

O peemedebista justificou ainda que era necessário deixar o governo porque é uma pessoa de partido. “Eu sou presidente regional do PMDB no Piauí. Sou fundador do partido e não tenho a menor pretensão de sair do meu partido. Eu fui indicado ministro pela bancada do PMDB, não pedi a ninguém e não tenho nenhuma divergência ou conflito com o PMDB”. Castro lembrou ainda que Temer “sempre respeitou a sua posição, o que me dava uma certa gratificação”. E emendou: “ele (Temer) nunca me perguntou nada. Nunca conversei com ele sobre a situação. Ele compreende que eu não poderia ter outro comportamento a não ser o que tive”.

Articulações. O Ministério da Sáude confirmou a saída de Castro noinício da tarde desta quarta.

Mais cedo, o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ) havia afirmado ao Estado que Castro entregaria o cargo antes da votação da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo Senado, prevista para 11 de maio.

Procurado pela reportagem, Marcelo Castro havia se mostrado surpreso com a divulgação da informação por Picciani. O ministro evitou confirmar diretamente quando vai deixar o posto. "Vou conversar com Picciani e com o governo nos próximos dias antes para ver como faço", afirmou ao Broadcast Político.

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Marcelo Castro chegou ao comando do Ministério da Saúde em outubro do ano passado por indicação do líder do PMDB. Na época, Picciani também indicou o deputado Celso Pansera (RJ) para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Com sua saída, Castro deve retomar seu mandato de deputado federal. 

Castro será o sexto ministro do PMDB a deixar o governo Dilma após o partido deixar a base aliada. Já tinham deixado os cargos os peemedebistas Henrique Eduardo Alves (Turismo), Helder Barbalho (Portos), Mauro Lopes (Aviação Civil), Eduardo Braga (Minas e Energia) e Pansera. Apenas Kátia Abreu (Agricultura) segue no cargo.

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, José Agenor Alvares, assumirá a pasta após a saída de Castro. / COLABOROU LÍGIA FORMENTI