Mantega propõe acordo à Procuradoria para evitar prisão

Compromisso de colaborar com investigações não é delação premiada e foi feito no âmbito de repasses do BNDES à JBS

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Por Beatriz Bulla
Atualização:

BRASÍLIA - O ex-ministro Guido Mantega (Fazenda/Governos Lula e Dilma) propôs um acordo ao Ministério Público Federal (MPF) no Distrito Federal para colaborar com as investigações da Operação Bullish, segundo apurou a reportagem. Não se trata de um acordo de delação premiada, mas sim de um termo de compromisso. A defesa do ex-ministro propôs que ele esclareça alguns fatos investigados e colabore com as investigações. Em troca, Mantega não será alvo de um pedido de prisão preventiva. As informações foram reveladas pelo Buzzfeed Brasil.

Deflagrada em maio, a Bullish investiga aportes bilionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nas empresas do Grupo J&F, de Joesley Batista. O executivo falou sobre a intermediação de Mantega durante delação premiada firmada com a Procuradoria-Geral da República.

Guido Mantega era ministro nos mandatos de Lula e Dilma Foto: Evaristo Sa/AFP

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Mantega já havia indicado outras vezes que não faria um acordo de delação, o que implicaria confessar crimes e indicar pessoas que participaram de atos ilícitos. Ele mantém essa perspectiva até o momento.

O termo de ciência e compromisso firmado com o MPF indica que o ex-ministro irá ajudar nas investigações e confessar erros. A estratégia já foi usada com investigados da Operação Greenfield, que tramita no mesmo juízo, para evitar medidas cautelares como o bloqueio de bens.

O acordo, acertado com o procurador Ivan Marx, precisa ser homologado na 10.ª Vara Federal em Brasília.

RESPOSTA Em nota, o grupo J&F desmentiu que os colaboradores tenham mentido, garantindo que eles apresentaram muitas informações ao Ministério Público Federal: "Nenhum dos colaboradores mentiu em qualquer depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República e ao Ministério Público Federal. Os colaboradores apresentaram grande número de informações e provas à PGR e em atendimento aos demais ofícios do MPF, que estão sendo tratados dentro dos trâmites legais. Ontem (31 de agosto), foram entregues relatos e documentos complementares dentro dos prazos estabelecidos. Não é possível fornecer detalhes porque essa documentação está sob sigilo".

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