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Manobra de governistas adia instalação da CPI da Petrobrás

Sessão caiu por falta de quórum; base diz que só instalará comissão se retomar relatoria da CPI das ONGs

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Por Eugênia Lopes , Christiane Samarco e BRASÍLIA
Atualização:

O governo impediu ontem a instalação da CPI da Petrobrás, usando como pretexto a necessidade de retomar a relatoria da CPI das Organizações Não-Governamentais (ONGs), entregue ao líder do PSDB, senador Arthur Virgílio Neto (AM), na semana passada. Aproveitando-se da ausência de dois senadores da oposição, os governistas - que têm oito dos 11 titulares - esvaziaram a sessão de instalação da CPI da Petrobrás, alegaram falta de quorum e adiaram o início dos trabalhos. Agora, para dar quórum à instalação da CPI, os governistas reivindicam a devolução da relatoria das ONGs. A manobra tem serventia dupla. Além de resolver o problema da CPI das ONGs, o governo quer ganhar tempo para ajustar a base, que virou palco de uma guerra de bastidores entre os líderes do PMDB, Renan Calheiros (AL), do PT, Aloizio Mercadante (SP), e do governo no Senado, Romero Jucá (RR). Com tantas brigas e mais a resistência de alguns senadores, inclusive do próprio Renan, em acatar o papel de coordenador político do ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB), os aliados do Palácio do Planalto não conseguem entrar em acordo para indicar o presidente e o relator da CPI da Petrobrás. "O PMDB e o PT são os dois maiores partidos da base. São conscientes da responsabilidade que têm com o governo e no enfrentamento na CPI da Petrobrás. No final, eles vão se resolver", disse José Múcio, que teve de ir ao Congresso conversar com os líderes do Senado. Pela segunda vez em menos de uma semana, Renan Calheiros cabulou a reunião da base convocada pelo ministro. O jeito foi apelar à boa vontade do líder do PTB, Gim Argello (DF), que recebeu Múcio para um almoço em seu gabinete e convidou Renan para participar. Mas não houve entendimento. O Planalto quer Jucá na relatoria, mas o líder do PMDB prefere ter a dupla Paulo Duque e Inácio Arruda (PC do B-CE) no comando da CPI. O único ponto de consenso ontem entre os governistas foi a estratégia de evitar a instalação da comissão. Na condição de parlamentar mais idoso entre os titulares da CPI e de ocupante provisório da cadeira de presidente, o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) foi instruído por Renan e Jucá a abandonar rapidamente a sala da comissão, antes que os retardatários da oposição aparecessem. Dois telefonemas e treze minutos depois de chegar, Duque anunciou a falta de quorum e deixou a sala. A seu lado estava apenas o senador Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA), único pontual. "É uma palhaçada, uma manobra de baixo nível do governo", reclamou ACM Júnior. Já no plenário, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), se queixou de Paulo Duque. "Esse negócio de sentar, levantar, passar a mão na careca e ir embora não serve à democracia", protestou.

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