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Manifestantes ocupam parte de Esplanada em ato contra Bolsonaro

São Paulo, Rio, Minas e Paraná também registram protestos; grupo menor de manifestantes realizou ato pró-Bolsonaro na capital federal

Foto do author André Borges
Por André Borges e Gabriela Biló
Atualização:
Correção:

BRASÍLIA – Manifestantes ocuparam, na manhã deste domingo, 7, parte da Esplanada dos Ministérios, em protesto contra o presidente Jair Bolsonaro e contra o racismo. Um outro grupo menor de manifestantes marcou presença em um dos lados da via central de Brasília. Outras capitais, como Belo Horizonte, Belém, São Paulo e Rio de Janeiro também recebem atos neste domingo.

Em Brasília, a Polícia Militar fez um cordão de isolamento para impedir que os manifestantes avançassem até a Praça dos Três Poderes, onde fica o Palácio do Planalto.

Manifestantes contrários ao governo Bolsonarorealizam protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Foto: Foto: Gabriela Biló/ Estadão

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A exemplo das manifestações ocorridas em 2016, durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, os dois grupos se dividiram entre os dois lados da Esplanada. Do lado esquerdo da via, em sentido ao Congresso, ficaram os manifestantes que pedem a defesa da democracia e a saída de Bolsonaro. Do lado direito, poucos manifestantes se aglomeraram em ato pró-Bolsonaro.

Os manifestantes também evitaram utilizar roupas de times ou de torcidas organizadas e bandeiras de partidos político, como forma de demonstrar que o ato era do cidadão e não atrelado a qualquer grupo.

Os policiais isolaram o canteiro central da Esplanada, como forma de evitar o contato entre os dois grupos. Diferentemente do que se viu três anos atrás, o governo do Distrito Federal não ergueu um muro de lata no canteiro central da Esplanada para separar os manifestantes.

Um contingente de 300 policiais da Força Nacional de Segurança Pública ficou de prontidão na Esplanada, para reforçar a segurança em caso de confronto. No entanto, as manifestações ocorreram de forma pacífica.

Durante a semana, Bolsonaro chegou a pedir, em sua “live”, que manifestantes pró-governo evitassem ir às ruas. Esse pedido, no entanto, não foi atendido por algumas pessoas que apoiam o governo e marcaram presença no ato. Os protestos em Brasília se encerraram por volta do meio-dia e ocorreram de forma pacífica.

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Em Belo Horizonte, torcidas organizadas e membros de movimentos sociais se unem contra o presidente

BELO HORIZONTE – Com início em tradicional ponto de concentração de apoiadores do presidenteJair Bolsonaro, torcidas organizadas de clubes de Minas Gerais e representantes de movimentos sociais realizam na manhã deste domingo, 7, ato contra o presidente em Belo Horizonte. Os manifestantes farão caminhada a partir da Praça da Bandeira, região sul da cidade, em direção à Praça Sete, no centro da capital. Um ato chamado "Vidas Pretas Importam", também está previsto para este domingo na cidade, além de ato de médicos contra o governo federal.

O representante da Unidade Popular (UP), Leonardo Péricles, que participa da manifestação, afirma que o Brasil passa hoje por risco de golpe. "Estamos na pandemia. Não temos as melhores condições de lutar, mas temos que lutar. A bandeira 'fora Bolsonaro' tem que ser a bandeira do povo brasileiro", disse. Motoristas que passavam pelo local buzinavam em apoio ao protesto.

Nesse sábado, 6, uma das torcidas organizadas que participam da passeata até a Praça Sete, a Galo Antifa, fez recomendações a quem se dispôs a comparecer à manifestação deste domingo. "Se você é do grupo de risco ou mora com pessoas que são, fique em casa", era um dos pedidos. Antes da manifestação, viaturas da Polícia Militar foram estacionadas ao longo do trajeto dos manifestantes. Regras de distanciamento e uso de máscara foram respeitados no ato. A PM de Minas Gerais não divulga estimativa de participantes nas manifestações. / Leonardo Augusto, Especial para O Estado de S. Paulo

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PM impede manifestação em Belém

BELÉM - Um forte esquema de segurança impediu uma manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro na manhã deste domingo, 7, em Belém. A capital do Pará também não teve atos a favor do presidente da República. Organizado pelas redes sociais, o movimento anti-Bolsonaro estava marcado para acontecer às 9h, em frente ao mercado de São Brás. Antes do horário previsto, no entanto, tropas da Polícia Militar, incluindo a de Operações Especiais, a cavalaria e também a Força Nacional, impediam qualquer tipo de aglomeração. Cerca de 50 manifestantes foram detidos e levados para uma delegacia.

No Pará, as regras do isolamento social contra a pandemia do coronavírus foram afrouxadas pelos governantes, que já permitiram a reabertura de shoppings centers, comércio de rua e de salões de beleza. Apesar disso, a manifestação foi impedida por medidas de segurança à saúde. A polícia informou que durante vistoria, alguns participantes ainda portavam objetos cortantes, por isso acabaram retirados do local.

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O representante do movimento antirracista de Belém, Raphael Castro, repudiou a ação dos policiais. “Tivemos um diálogo muito limitado e não conseguimos expor aos agentes da segurança pública os motivos pelos quais estamos aqui. Desde o início esse era um ato que pretendia manter o distanciamento social e os protocolos de higiene. Queremos dialogar com a população sobre os temas”, explicou.

Rafael também contesta o impedimento do ato com a justificativa da PM de ‘evitar aglomerações’. “Percebemos que há uma incoerência em relação à orientação, que desrespeita o decreto do 'Plano Retoma Pará'. Ele diz que não pode haver reuniões com mais de dez pessoas apenas nos municípios que estão na bandeira vermelha, e esse não é o caso de Belém, que está na fase laranja. Temos aqui uma repressão desproporcional. É contraditório superlotar o comércio, os shoppings e impedir com alto volume policial uma manifestação pacífica por uma causa urgente que são as vidas negras”, reclamou.

Em entrevista aos Estadão, o delegado da polícia civil, Renan Souza, coordenador da ação, disse que as pessoas estão sendo ouvidas individualmente. “Estamos analisando cada caso. Não tivemos depredação de patrimônio público, confronto e nem resistência. Eles estão aqui para dar esclarecimentos ao descumprimento do decreto estadual nº800 que proíbe a aglomeração de pessoas”, informou. Segundo o coordenador, dez delegados estão ouvindo os manifestantes.

Independente do posicionamento adotado por qualquer grupo, o Governo do Estado já havia anunciado que conteria qualquer tipo de aglomeração no Pará durante a pandemia do novo coronavírus.

No domingo passado, um ato em defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), também foi dispersado em Belém. Alguns participantes foram conduzidos à delegacia e assinaram um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e logo foram liberados. Programados para acontecer em várias cidades brasileiras, atos pró-Bolsonaro, na capital paraense, não foram realizados. / Roberta Paraense, Especial para O Estado de S. Paulo

Grupo a favor de Bolsonaro se reúne em Copacabana

Um pequeno grupo de apoio ao presidente Jair Bolsonaro fez manifestação na praia de Copacabana, zona sul da cidade, tendo à frente uma faixa onde estava escrito "Marcha da Família pró-Bolsonaro com Deus - Intervenção popular com o Executivo". Com cerca de 50 pessoas, o grupo protesta por atos "infligidos pelo legislativo, judiciário, governadores e prefeitos".

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Segundo a faixa, participam do ato "famílias cristãs, reservistas, patriotas anti comunistas, artistas de direita, alta cultura, motociclistas, médicos".

Cerca de 15 manifestantes foram detidos no Centro do Rio, onde será realizado o ato "Vidas Negras Importam". Segundo o organizador do movimento, eles foram detidos porque portavam álcool gel. "O grupo não faz parte do movimento, era uma manifestação independente, mas ficamos sabendo que foram detidos por portar álcool gel e já enviamos advogados para a delegacia", disse Gabriel Murga ao Estadão/Broadcast. /  Denise Luna

Manifestantes contra Bolsonaro fazem caminhada em Porto Alegre

PORTO ALEGRE - O centro de Porto Alegre se tornou palco de atos contra o presidente Jair Bolsonaro. Embora organizadores dos atos que se denominam antifascistas não tenham chegado a um consenso sobre sair ou não às ruas neste domingo, temendo atos de vandalismo provocados por infiltrados e também a pandemia do coronavírus, manifestantes com faixas em favor da democracia tomaram a região Central. Majoritariamente, os participantes usam máscaras. O ato, que não teve registro de ocorrências até 14h30, teve como ponto de encontro a Esquina Democrática, às 13h30. Após concentração, os participantes sairão em caminhada pelas vias centrais da capital gaúcha.

No domingo passado, manifestantes favoráveis e contrários ao presidente trocaram xingamentos sob supervisão da Brigada Militar. Em maioria, os antifascistas, fecharam uma das ruas fazendo a carretada bolsonarista retornar aos gritos de “recua fascista”. Não houve registros de atos de vandalismo. Nas redes sociais, as divergências ideológicas ganharam novos contornos durante a semana. Um deputado estadual autointitulado bolsonarista raiz, acionou o Ministério Público indicando que um policial civil estaria por trás das organizações que se declaram como antifascistas. No entanto, os protestos têm sido convocados por lideranças distintas, incluindo membros de torcidas organizadas do Inter e do Grêmio. / Lucas Rivas, Especial para O Estado de S. Paulo

Centro de Curitiba tem ato contra o governo federal e o racismo

De forma tímida, manifestantes contrários ao governo Jair Bolsonaro deram início, por volta das 14h25, à concentração na Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba, para a segunda edição do ato Vidas Negras Importam. O protesto foi convocado por partidos políticos de esquerda e movimentos ligados aos direitos das minorias.

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Um ostensivo efetivo da Polícia Militar do Paraná acompanha a chegada dos manifestantes à praça. O número de militares nas ruas não foi informado pela corporação. A polícia bloqueou as ruas que dão acesso ao local de concentração, de forma a impedir a passagem de carros e revistar manifestantes.

O comando da PM confirmou que haverá militares infiltrados entre a população, e que essa seria uma estratégia de segurança. "As pessoas que estiverem com mochilas ou objetos que possam ser utilizados como armas serão revistadas, com intuito de identificar e responsabilizar aquelas que podem promover a desordem", afirmou em coletiva de imprensa o coronel Hudson Leôncio Teixeira.

Ao Estadão, o grupo que organizou a manifestação explicou que decidirá durante o evento se o protesto será encerrado na Praça Santos Andrade ou se haverá marcha pela região central de Curitiba.

Na primeira edição do ato Vidas Negras Importam, na segunda-feira, 1º, o protesto começou e terminou de forma pacífica. No entanto, durante a dispersão, parte dos manifestantes se direcionou ao Centro Cívico, onde a bandeira nacional do Palácio Iguaçu, sede do governo estadual, foi furtada e incendiada.

Atos de vandalismo foram registrados no Centro da cidade e no Centro Cívico, e houve repressão da Polícia Militar. Seis pessoas foram detidas em flagrantes e um adolescente foi apreendido. A Polícia Civil do Paraná investiga o caso./ Angelo Sfair, Especial para O Estado de S. Paulo

Torcidas organizadas e movimento antifascista promovem atos em Goiânia

Após manifestações do último domingo, 31, em São Paulo e Rio de Janeiro, foi a vez das torcidas dos times de futebol de Goiás - Vila Nova, Goiás e Atlético Goianiense - irem às ruas em ato pró-democracia na tarde desde domingo, 7, em Goiânia. A concentração teve início às 14 horas, na Praça Cívica, onde está localizada a sede do governo estadual.

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Outro movimento, que se autointitula antifascista, também usou as redes sociais durante a semana para promover um ato para a tarde deste domingo. O grupo "Goiânia Antifa" promove ato unificado na Praça Cívica e tem como objetivo um protesto pacífico, contra o racismo e em prol da democracia. "Somos antirracismo, fascismo e ditadura", diz trecho com descrição do grupo.

Por conta da pandemia do novo coronavírus, os idealizadores dos protestos reforçaram que os manifestantes adotem medidas de segurança durante as manifestações na rua, no sentido de evitar a contaminação.

"Ninguém deve ir para as manifestações nas ruas sem estar com máscaras protegendo o nariz e a boca, devendo o distanciamento social de 2 metros entre as pessoas ser rigorosamente respeitado. E todos devem trazer um produto para a higienização das mãos e objetos (álcool 70% líquido ou gel)", ressalta trecho postado no Instagram oficial do grupo Goiânia Antifa./ Isabel Cristina, Especial para O Estado de S. Paulo

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Os atos em Brasília se encerraram por volta do meio-dia e ocorreram de forma pacífica.

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