Aproximadamente 200 pessoas, particularmente estudantes, derrubaram uma grade de ferro da Assembleia Legislativa do Paraná, na manhã desta quarta-feira, 14, e invadiram os corredores para pedir rigor na apuração de denúncias de irregularidades na Casa e exigir a renúncia dos integrantes da Mesa Diretora, principalmente o presidente, deputado Nelson Justus (DEM). Eles ficaram no prédio por cerca de 20 minutos, tempo em que protocolaram um documento com os pedidos, e depois foram aconselhados pelas lideranças do movimento a deixarem o local. Saíram cantando o Hino Nacional.
O grupo, com cerca de 600 a 800 pessoas, segundo avaliação da Polícia Militar e dos manifestantes, reunindo estudantes, sindicalistas e integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), havia se reunido no início da manhã na Praça Santos Andrade, em frente ao prédio da Universidade Federal do Paraná. De lá seguiu em passeata até a Assembleia, passando antes pelo Tribunal de Contas e pelo Ministério Público do Estado, onde também foram protocolados pedidos para que haja firmeza nas investigações. A Assembleia é acusada de utilizar-se de atos secretos para contratar e demitir servidores, o que permitiria que pessoas recebessem sem trabalhar.
Em frente ao prédio da Assembleia, os ânimos exaltaram-se e houve a invasão. "Vimos como uma forma positiva de transparecer a rebeldia consequente, a rebeldia consciente", justificou o presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), Mário Sérgio de Andrade. "Se for necessário ocuparemos de novo, até que medidas cabíveis sejam tomadas", prometeu o presidente da União Paranaense dos Estudantes (UPE), Paulo Moreira Rosa Júnior.
O presidente da Assembleia utilizou a sessão da tarde para dar a resposta sobre o que ele chamou de "visita" de estudantes. Ele disse que os pedidos serão respondidos. No entanto, ressaltou não concordar com os "exageros como a derrubada de grades e agressões a funcionários". Justus também lamentou que não houvesse policiamento para defender a Assembleia e disse que enviaria ofício ao governador Orlando Pessuti e ao secretário da Segurança Pública, Aramis Serpa.
Ele acentuou ter iniciado um processo de modernização e transparência e que, somente depois disso, as denúncias de irregularidades começaram a ser divulgadas. "Fico às vezes pensando onde é que nós erramos", reclamou. "Não é possível que as pessoas não vejam que isso está acontecendo." Ele garantiu que todas as denúncias serão apuradas e que permanece na presidência da Assembleia. "Não é uma Assembleia acéfala que vai conseguir terminar esse trabalho que nós iniciamos", ressaltou. "Todos nós seremos julgados pela população daqui a alguns meses e os envolvidos serão julgados pela Justiça."