Manifestantes do MST saem da Monsanto

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Centenas de agricultores, de diferentes pontos do Estado, que invadiram, na quinta-feira, a unidade de pesquisas e produção de sementes da Monsanto do Brasil, em Não-Me-Toque, distante 268 quilômetros da capital gaúcha, deixaram nesta sexta-feira a unidade da empresa depois de destruírem dois hectares de plantações de milho e soja. Os manifestantes protestaram contra a presença da multinacional no País, que se notabilizou pela propagação de soja transgência no mundo ? modificada geneticamente e resistente apenas aos fertilizantes da Monsanto ? e a política agrícola adotada pelo governo federal, considerada excludente e prejudicial a pequenos produtores. Um dos coordenadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no Estado do Rio Grande do Sul, Adelar Pretto confirmou que os sem-terra destruíram dois hectares de uma lavoura experimental de soja e milho. ?Tínhamos informações de que as sementes plantadas ali eram transgênicas?, afirmou. Segundo outro dirigente do MST, Mário Lill, cerca de 1,3 mil agricultores participaram do protesto. ?Nosso principal objetivo era chamar a atenção do Brasil e do mundo para esta nova forma de dominação: o controle internacional das sementes?, declarou Lill. Um fiscal do governo estadual vai verificar as condições de armazenagem das 16 toneladas de soja transgênica na sede da empresa Monsanto, em Não-Me-Toque. A determinação foi do secretário de Agricultura gaúcho, José Hermeto Hoffman, pois a soja e o milho transgênicos são proibidos no País, e qualquer lavoura pode ser contaminada pela ação dos ventos. Na quinta quinta-feira, uma caravana de pelo menos 18 ônibus ? conforme a Brigada Militar ?, levando integrantes dos movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), dos Pequenos Agricultores (MPA), dos Atingidos por Barragens (MAB), das Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR) e da Pastoral da Juventude Rural (PJR), chegou em frente ao portão principal da empresa, no km 13 da RS-142, no final da tarde. Em instantes, o portão de cinco metros de altura por dois metros de altura foi derrubado e o grupo tomou o pátio da unidade. Poucos funcionários ainda estavam na empresa e acabaram saindo do local para evitar o conflito, informou a BM. Apenas servidores de uma empresa de segurança contratada pela Monsanto permaneceram no interior da unidade, mas sem interferir na manifestação. Os invasores espalharam bandeiras do Brasil, do Rio Grande do Sul, do MST e do MPA, além de faixas com frases contra as atividades da Monsanto no país. O grupo passou a noite na empresa, e pela manhã iniciou negociações visando concluir o protesto contra os transgênicos no País. O grupo também recebeu o apoio do agricultor francês José Bové, do movimento Via Paysanne, que estava acompanhado por um dos coordenadores nacionais do MST, João Pedro Stédile. A Monsanto é a empresa americana que, em 1997, desenvolveu a soja geneticamente modificada (transgênica), resistente ao herbicida Roundup Ready e, desde então, vem enfrentando protestos em vários países, especialmente os europeus. Nos Estados Unidos, a soja resistente ao Roundup Ready é amplamente utilizada pelos agricultores. No Brasil, o produto originou uma polêmica envolvendo governo, produtores rurais e entidades ambientalistas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.