(Atualizado às 20h40) BRASÍLIA - Com uma briga entre manifestantes contrários e a favor do governo Dilma Rousseff, defensores do impeachment da presidente e entusiastas da intervenção militar foram retirados, na noite deste sábado, do gramado da Esplanada dos Ministérios, em frente do Congresso Nacional.
Tudo estava correndo de forma pacífica, com a retirada dos acampados sendo feita por parte das polícias Militar e Legislativa, até que um grupo com cerca de vinte pessoas, acompanhado do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), chegou ao local. Com gritos de "não vai ter golpe", o grupo despertou a atenção dos manifestantes. Um tumulto se iniciou em seguida, com gritaria e agressões. A Polícia Militar usou spray de pimenta para conter a briga.
O deputado negou ter ido ao local para fazer provocação. "Viemos exercer a democracia", argumentou o petista. Antes dos socos, pontapés e empurrões, os manifestantes cantaram o Hino Nacional.
Ao longo do dia, o clima diante do Congresso foi de impasse. De um lado, integrantes dos movimentos Avança Brasil, Brasil Livre e Revoltados Online desmontaram pouco a pouco as barracas, instaladas há pelo menos um mês como forma de pressão para que o Congresso votasse o impeachment de Dilma. De outro, o grupo dos "intervencionistas" indicava que iria oferecer maior resistência.
"Só saímos com ordem judicial. A única coisa que recebemos até agora foi uma recomendação, feita oralmente", disse um dos líderes do Movimento Patriota Nacional, Daniel Barbosa.
Segundo o secretário-adjunto da Casa Civil do Distrito Federal, Igor Tokarski, não é permitida qualquer edificação na área sem a autorização do governo.
Por precaução, as visitas ao Congresso foram canceladas neste fim de semana. O trânsito na via que dá acesso às Casas Legislativas também foi bloqueado.
Manifestantes receberam, na noite de quinta-feira, o aviso de que teriam de deixar o local em 48 horas. A decisão foi tomada num acordo entre o governo do Distrito Federal, a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, logo após um confronto entre integrantes da CUT, do Movimento de Mulheres Negras e partidários do movimento pró-impeachment.
Ao todo, cerca de 50 pessoas estavam acampadas no local ocupado pelos "intervencionistas". "Estamos aqui desde março. É um direito nosso protestar", disse Barbosa, que chegou a Brasília há uma semana, depois de passar uma temporada em seu Estado, o Rio Grande do Sul.
Entre os integrantes do movimento pró-impeachment, o clima era de pragmatismo. "Teríamos de sair mais cedo ou mais tarde. Em dezembro os trabalhos no Congresso terminam e não faria sentido ficarmos", afirmou a cabeleireira Charlo Ferreson, que chegou do Rio há 15 dias para participar do protesto.
Ao final da operação, foram retiradas do gramado todas as barracas que abrigavam os manifestantes e um boneco inflável com a figura de um militar usando a faixa presidencial. Jovens chegaram a resistir nas barracas, mas foram carregados pelos policiais.
Marcelo Reis, fundador do Revoltados Online, disse que entrou com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a medida de desocupação.