Mangabeira nega concentração de tropas na Amazônia

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Por RAYMOND COLITT E ANA NICOLACI DA COSTA
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O Brasil não vai concentrar tropas nas fronteiras amazônicas, mas espera transformar o Exército em uma força de reação rápida contra eventuais infiltrações, disse na sexta-feira o ministro Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou em julho um decreto que autoriza o envio de tropas para áreas indígenas de fronteira, numa resposta às crescentes preocupações de que haja incursões de guerrilheiros e traficantes. Em setembro, o governo vai apresentar um plano estratégico de defesa que transfere a prioridade defensiva da fronteira sul para a Amazônia, o litoral e o espaço aéreo. Mangabeira Unger, co-autor do plano, disse em entrevista que esse realinhamento não deve preocupar os vizinhos setentrionais, como Venezuela, Colômbia, Bolívia e Peru. "Não nos sentimos ameaçados por nenhum vizinho, e portanto nenhuma parte das nossas propostas vai resultar em um deslocamento significativo de tropas para junto das nossas fronteiras", disse ele. O documento, ainda a ser aprovado por Lula, visa a tornar as Forças Armadas mais ágeis. "Queremos reestruturar o Exército segundo o modelo da força de mobilização rápida de ataque", afirmou o ministro. A idéia é criar brigadas regionais modulares capazes de atingir rapidamente os pontos mais críticos da fronteira. "Especialmente na Amazônia, a solução dos nossos problemas é a vigilância e a mobilidade", disse Mangabeira. Isso implica a compra de novos equipamentos, como radares móveis, acessórios de visão noturna e sistemas de vigilância por satélite. Graças a uma parceria estratégica com a França, o Brasil vai construir um submarino nuclear e adquirir dezenas de helicópteros militares. Mas o governo ainda não se decidiu pela compra de uma nova geração de caças multifuncionais, embora a Força Aérea tenha aberto em junho concorrência para a aquisição de 36 aeronaves. "Somos uma democracia constitucional. As decisões militares são tomadas pela liderança civil", disse o ministro. "Eu disse às Forças Armadas que enquanto elas agirem como um lobby a mais pedindo dinheiro não vamos resolver nossos problemas de defesa." (Reportagem adicional de Fernando Exman e Isabel Versiani)

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