PUBLICIDADE

Mandetta diz que foi pressionado por dois médicos a editar decreto para hidroxicloroquina

Ministro da Saúde, que antes havia se reunido com Bolsonaro no Planalto, afirma que recusou por falta de embasamento científico

Foto do author Julia Lindner
Por Julia Lindner
Atualização:

BRASÍLIA – Após se reunir com o presidente Jair Bolsonaro no fim da tarde, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que foi pressionado por dois médicos a editar um protocolo de hidroxicloroquina para tratamento do novo coronavírus no Brasil por meio de decreto. Mandetta disse que recusou por falta de embasamento científico e recomendou que os profissionais procurassem o secretário de Ciência e Tecnologia da pasta, Denizar Vianna.  

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Foto: Dida Sampaio/Estadão

PUBLICIDADE

“Me levaram, depois da reunião lá, para uma sala com dois médicos que queriam fazer protocolo de hidroxicloroquina por decreto. Eu disse a eles que é super bem-vindo, os estudos são ótimos. É um anestesiologista e uma imunologista que lá estavam”, afirmou Mandetta, sem citar nomes. De acordo com o ministro, ele também propôs um debate com sociedades brasileiras de imunologia e anestesia. “Chegando a um consenso entre seu pares, o Conselho Federal de Medicina e nós aqui do Ministério da Saúde, a gente entra. A gente tem feito isso constantemente”, declarou.

O uso da hidroxicloroquina, remédio contra malária e doenças autoimunes, tem sido alvo de divergências entre Mandetta e Bolsonaro – na noite desta segunda-feira, o ministro confirmou que fica no cargo, mas pediu paz para trabalhar. Enquanto o chefe da Saúde é mais cauteloso e defende estudos que comprovem a eficácia do fármaco no tratamento da covid-19, Bolsonaro tem reforçado que o uso do medicamento é eficaz. A cloroquina tem sido usada para casos graves e críticos do novo coronavírus no Brasil. Do contrário, pode ter consequências graves para a saúde.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informa que toda prescrição de medicamento à base de cloroquina ou hidroxicloroquina precisa ser feita em receita especial de duas vias. A entrega ou venda do medicamento nas farmácias e drogarias só poderá ser feita para pessoas com a receita especial, para que uma via fique retida na farmácia e outra com o paciente.