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Maluf presta depoimento ao STF e diz que nunca foi preso, só solto

Deputado é réu por crime de falsidade ideológica, acusado de ter recebido financiamento de uma empresa da qual era sócio sem prestar esclarecimentos na campanha eleitoral de 2010

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla
Atualização:
O atual deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) movimentou mais de U$ 446 milhões em contas no exterior, principalmente pelos bancos Deutsche Morgan Grenfell e Deutsche Bank. Maluf teria desviado dinheiro de obras na capital paulista no período em que foi prefeito de São Paulo, entre 1992 e 1996. O deputado tinha dinheiro na Suíça, Luxemburgo, França e Jersey. Foto: Dida Sampaio

Brasília - Bem humorado, o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) prestou depoimento nesta quarta-feira, 24, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e disse nunca ter sido preso, "só solto". Maluf é réu em ação penal por crime de falsidade ideológica, acusado de ter recebido financiamento de uma empresa da qual era sócio sem prestar esclarecimentos na campanha eleitoral de 2010.   A um juiz auxiliar do gabinete do ministro Luiz Fux, relator do processo, Maluf negou acusações e disse que nunca procurou financiadores para a campanha eleitoral. "O candidato, normalmente, não fica no diretório, não fica fazendo a contabilidade de campanha. Quem faz a contabilidade de campanha de mais de uma centena de candidatos de cada vez é o comitê financeiro regional. Muito bem. Então eu vou para comícios, vou para feiras livres, vou para supermercados, programas de rádio, de televisão. A gente normalmente sai de casa 7h da manhã e olha lá quando pode chegar em casa 23h ou 24h", afirmou ao magistrado.   No interrogatório, Maluf é questionado se já foi preso alguma vez. Em 2005, ele e o filho, Flávio, chegaram a ficar 40 dias presos na sede da Polícia Federal em São Paulo, mas o Supremo revogou a ordem de prisão dos dois.    "Excelência, muitas vezes me perguntam se eu fui preso. E eu respondo o seguinte: eu fui solto pelo Supremo Tribunal Federal, que considerou minha prisão ilegal, sem base legal. E não tinha mesmo. Quero dizer mais a vossa excelência: eu tenho aqui na vida pública um pequeno ressentimento, que prenderam meu filho", disse Maluf, emendando: "E eu, Paulo Salim Maluf, não tenho nenhum histórico de ter nomeado nenhum parente, nem meu irmão, nem meus cunhados, sobrinhos, nunca. Meu filho nunca exerceu nenhum papel público. Tanto é que Supremo soltou a mim e a ele, por votos de maioria absoluta".   Ele afirmou ao juiz que não possui "nenhuma condenação cível nem criminal". Depois, afirmou que foi condenado em uma ação popular após presentear os jogadores da Copa do Mundo de 70. Depois de 36 anos, disse Maluf, foi absolvido. "Não tenho nenhuma condenação nem cível nem criminal. Uma vez, veja vossa excelência, eu resolvi dar um 'fusquinha' em 1970 para cada jogador do tricampeonato nacional", disse Maluf, aos risos, após cantarolar a música tema da seleção brasileira da época. 

"Tive uma ação popular. (...) depois de 36 anos, em 2006, fui absolvido. E até quero dizer que me sinto feliz de ter contribuído para o tricampeonato porque foi a festa mais linda que eu vi no Anhangabaú", completou.   Maluf foi acusado em outubro de 2014 pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em razão de irregularidades na prestação de contas da campanha de 2010. A 1ª Turma do Supremo aceitou a denúncia no ano passado, quando Maluf se tornou réu. Segundo a acusação, Maluf teve R$ 168,5 mil de despesas de campanha pagas por empresa pertencente à sua família.

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