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Maluf pode ter transferido ativos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Promotores de Justiça que investigam o caso Jersey receberam "informações extra-oficiais" de que o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) teria transferido ativos depositados no Citibank NA para a agência do Deutsche Morgan Greenfeld, também localizada no paraíso fiscal do Canal da Mancha. O Deutsche Morgan é uma instituição financeira alemã vinculada ao Deutsche Bank. A revelação foi feita pelo promotor de Justiça da Cidadania Sílvio Antônio Marques, que preside um inquérito civil sobre a suposta conexão entre o desvio de recursos de obras públicas e o enriquecimento ilícito de Maluf. A transferência teria ocorrido há cerca de um ano, quando autoridades da ilha foram alertadas sobre movimentação incomum de recursos no Citibank. Segundo o promotor, "ainda não há certeza sobre essa transferência". Ele explicou que depende de documentos. "Cada hora é uma coisa nova; primeiro, eram depósitos no Citibank, agora, é no Deutsche", rebateu o advogado Ricardo Tosto, que integra a defesa de Maluf. "Se é informação extra-oficial, não podia ser veiculada; quando teremos documentos oficiais nessa história?" Ex-mulher e filha de Maluf optaram pelo "nada a declarar" Especialista em investigações sobre improbidade, o promotor recebeu de manhã no gabinete a ex-primeira-dama Sylvia Maluf e uma das filhas do casal, Ligia. Marques perguntou a Sylvia se ela tinha conhecimento de que o marido mantém depósitos no Deutsche Morgan. Amparada no direito constitucional que permite a um investigado ficar em silêncio, a mulher de Maluf limitou-se a dizer: "Nada a declarar." A mesma resposta repetiu para outras 25 indagações feitas pelo promotor. Antes da audiência, Marques disse a Sylvia: "Desculpe-me a chamar aqui, mas é que seu nome consta como beneficiária de depósitos no exterior; a sra. tem o direito de ficar calada." A Lígia, o promotor perguntou se ela conhecia o empresário Hani Bin Al Kalouti, presidente da HBK Investiments Advisory S/A, escritório de consultoria estabelecido em Genebra (Suíça), que atende, exclusivamente, a grandes investidores estrangeiros. Kalouti trabalhou no Citibank Switzerland de Genebra, antes de montar a HBK. "Nada a declarar", disse Lígia seguindo a estratégia articulada por Tosto. O promotor questionou Lígia sobre ligações que ela teria realizado para o Citibank. Um rastreamento do Ministério Público (MP) indica que, de linhas em nome de Lígia, foram realizadas 15 chamadas para o banco suíço, entre 26 de abril de 1994 e 1º de março de 1996. As ligações duraram, ao todo, 332 minutos. Na época, Maluf era prefeito de São Paulo. A filha do pepebista não respondeu sobre os telefonemas. Maluf classificou a intimação da ex-primeira-dama e da filha como "mais um ato de arbitrariedade e terrorismo". Por meio de uma nota, o ex-prefeito disse que Sylvia é uma "mãe extremada e santa avó, que nunca se envolveu em política". Maluf afirmou que ocorre "ato de puro terrorismo nazista, do tempo de Adolf Hitler". "Não quero constranger ninguém; quero apenas cumprir a minha obrigação", disse Marques.

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