Maluf pode sofrer processo na Suíça por lavagem de dinheiro

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Por Agencia Estado
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Apesar de Paulo Maluf já ter retirado seu dinheiro das contas no Citibank de Genebra, o ex-prefeito ainda poderá sofrer um processo judicial na Suíça por lavagem de dinheiro. "Ainda que as contas relativas ao suspeito já tenham sido fechadas ou esvaziadas, a Justiça poderá decidir por um processo, pois o crime teria ocorrido também na Suíça e instituições financeiras do país foram usadas para encobrir um caso de lavagem de dinheiro", contou ao Estado um funcionário de Berna. Hoje, depois da revelação de que em um único dia uma de suas contas na Suíça recebeu US$ 154 milhões, o ex-prefeito voltou a dizer que não tem conta no Exterior e afirmou: ?Vou passar uma escritura; o primeiro que encontrar a conta, o dinheiro é dele?. Segundo a fonte, que prefere manter seu anonimato, processos semelhantes também ocorreram em outras investigações, "inclusive com outros políticos da América Latina". Em um caso extremo, um mandado internacional de prisão poderia ser emitido contra o ex-prefeito. ?Detentor dos direitos? Para que o processo sobre Maluf siga, porém, o juiz de Genebra Claude François Wenger terá que dar o sinal verde. Wenger foi quem reuniu os vários quilos de documentos sobre as movimentações financeiras de Maluf na Suíça e os enviou ao Brasil. Em documentos tornados públicos do Tribunal Superior do país, Maluf e seus filhos teriam aberto 12 contas na Suíça e, em algumas delas o ex-prefeito aparece como "detentor dos direitos", o que na prática significa que Maluf teria sido o beneficiário dos recursos depositados nas contas. "Todos os detentores de direitos na Suíça são informados sobre as movimentações que ocorrem nas contas e, portanto, podem ser processados se for descoberto que os recursos tinham origem criminosa", explica um advogado de Genebra especialista em combate ao crimes financeiros. Os advogados de Maluf tentaram mostrar que, por ser "apenas" detentor de direitos na Suíça, o ex-prefeito estaria livre de uma acusação. Mas a avaliação não convence os especialistas. "É claro que o acusado jamais abrirá uma conta com recursos suspeitos em seu próprio nome. Isso ninguém faz. O que precisa ser esclarecido é se o suspeito tinha o direito de movimentar a conta", responde o jurista de Genebra. Grupo seleto de fortunas milionárias O valor da transferência dos recursos de Maluf à Suíça divulgados nos últimos dias no Brasil não causaram uma surpresa aos especialistas mais próximos às investigações em Berna. Um deles chega a lembrar que o ex-prefeito recebia o tratamento que os bancos da Suíça conferem apenas a um seleto grupo de pessoas com fortunas milionárias. Além de Maluf, esse grupo contaria com príncipes e famílias reais do Oriente Médio. Além do eventual processo que possa sofrer na Suíça, documentos do Tribunal Superior do país apontam que nem todas as contas relacionadas à família do ex-prefeito teriam sido fechadas. Flávio Maluf, filho de Paulo Maluf, seria o detentor de direitos de uma conta aberta em 15 de fevereiro de 1994 e que, pelas informações da Corte, não teria sido fechada. Lígia Maluf e Maurílio Curi, filha e genro do ex-prefeito, também teriam contas que também não estariam fechadas. Os mesmos documentos do Tribunal ainda apontam que as acusações contra o ex-prefeito "descrevem um sistema delinquente estabelecido na gestão municipal, baseado sobre o pagamento de trabalhos fictícios atestados por faturas falsas".

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