Maluf elogia PAC e compara programa a New Deal americano

Em 1º discurso na Câmara, deputado disse que o programa - ´guardadas as devidas proporções´ - pode ser comparado a medidas que tiraram os EUA da Crise de 1929

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Por Agencia Estado
Atualização:

O deputado Paulo Maluf (PP-SP) usou a tribuna da Câmara para fazer um discurso nesta quarta-feira, 14, no qual pediu mudanças no Banco Central, elogiou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, ao criticar a carga tributária, acabou defendendo os vendedores de produtos piratas. Ao elogiar o PAC, Maluf comparou o programa ao New Deal americano e disse que deverá haver mudanças no Congresso. "Tenho convicção que a competência dos nossos colegas deputados e deputadas vai aperfeiçoar o PAC. Daqui vai sair um rumo para o desenvolvimento acelerado do Brasil", disse. "Guardadas as devidas proporções, o PAC é uma espécie do New Deal do presidente Franklin Roosevelt nos Estados Unidos, que resgatou a economia americana do desastre financeiro em 1929", discursou. New Deal - cuja tradução seria "novo pacto" - foi o nome dado à série de programas implementados nos Estados Unidos entre 1933 e 1937 , sob o governo de Roosevelt, com o objetivo de recuperar e reformar a economia norte-americana após a queda das bolsas, na chamada Crise de 1929. O período é considerado o pior e o mais longo de recessão econômica do século XX. O PAC - anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 22 de janeiro deste ano - tem como objetivo destravar a economia e garantir a meta de crescimento de 5%. Prevê investimentos de R$ 503,9 bilhões até 2010 em infra-estrutura: estradas, portos, aeroportos, energia, habitação e saneamento. Mais altos do mundo Em outro trecho do discurso, Maluf disse que os juros praticados no mercado são os mais altos do mundo. "Para um custo financeiro da dívida interna de mais de R$ 150 bilhões anuais, reservamos mais de R$ 90 bilhões de superávit primário. Nome pomposo para sinônimo de escravidão. Escravidão do Brasil aos banqueiros que dominam e aplaudem as decisões do Copom e do Banco Central. Repito: é preciso reformar o Banco Central", afirmou. Maluf preparou um discurso longo e, como o tempo de 25 minutos não foi suficiente para ler o texto por completo, tentou ficar com parte do espaço do orador seguinte, mas o presidente da sessão, Nárcio Rodrigues (PSDB-MG), não permitiu, sob o argumento que não era regimental invadir o horário reservado ao discurso do parlamentar. Pirataria "Rejeita-se o produto pirata. Mas quem é o pirata? Não é o trabalhador que nega-se a ser bandido, seqüestrador, traficante, e fica 12 a 14 horas por dia no calor, no frio, na chuva, no sol, no sereno vendendo sua mercadoria por índice 10. Ou pirata é quem obriga o lojista a vender o mesmo produto por índice 50, pois nele estão embutidos impostos pornográficos, direitos autorais altíssimos e lucros exorbitantes das multinacionais. Pirata na minha visão é quem é indiferente a esse problema", discursou o deputado. Maluf argumentou que as empresas precisam atuar dentro de um "inferno tributário" e afirmou que no Brasil existem mais de 60 tributos e em torno de 3.000 normas que regem a atividade empresarial e que consomem quase 40% do PIB nacional. Maluf Entre os deputados que assumiram mandato na nova legislatura e têm pendências com a Justiça está o mais votado de São Paulo - o ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PP). Ele conquistou sua vaga na Câmara com mais de 700 mil votos. Preso em 2005, acusado de intimidar uma testemunha, Maluf permaneceu 40 dias no cárcere da sede da Polícia Federal de São Paulo. Este episódio ocorreu após as graves denúncias de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção e crime contra o sistema financeiro (evasão fiscal). O STF julgou que, em decorrência da idade de Paulo Maluf, sua saúde seria frágil para permanecer preso, autorizando assim a sua saída da prisão. Os jornais denunciaram à época que apesar da saúde frágil, Maluf no dia seguinte foi encontrado comendo pastéis e tomando chope em Campos do Jordão. A Justiça brasileira possui uma série de documentos que indicam uma movimentação de US$ 446 milhões em contas em nome de Paulo Maluf no exterior. Ele nega qualquer ato de improbidade. E afirmou que jamais manteve dinheiro no exterior e é alvo de perseguição do Ministério Público. Em sua defesa, Maluf costuma dizer que nunca sofreu uma única condenação.

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